Jornal Estado de Minas

Tenda que despencou durante chuva no DF não tinha passado por vistoria

Apesar de administrador regional afirmar que documentos estavam corretos, Defesa Civil e bombeiros negam ter feito fiscalização no local

Thiago Soares Arthur Paganini Guilherme Pera
Em menos de dois meses, as chuvas no Distrito Federal derrubaram duas grandes estruturas provisórias montadas para abrigar eventos com o aval do governo (leia Memória).
Ontem, duas grandes tendas montadas — sem a anuência da Defesa Civil — para abrigar os pacientes da Carreta Oftalmológica, da Secretaria de Saúde, vieram abaixo após as fortes rajadas de vento e chuva registradas durante 10 minutos em Ceilândia. Em fevereiro, a Secretaria de Cultura havia fornecido alimentação, segurança e montagem da estrutura, que também desmoronou por causa das chuvas.

Pelo menos 150 pessoas, a maior parte idosos, tiveram de ser socorridas pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). As vítimas sofreram fraturas, escoriações leves e estresse emocional. Oito seguiram para o Hospital de Ceilândia, enquanto duas foram atendidas pela Unidade de Pronto Atendimento da região. A Polícia Civil investiga as causas do acidente.

A queda ocorreu por volta das 13h, em frente à UPA, próximo ao Ceilambódromo. Segundo a Secretaria de Saúde, no momento do acidente havia cerca de 300 pessoas no local, das quais 126 eram pacientes agendados para cirurgia de catarata e 137, para consulta. A Carreta Oftalmológica é um serviço itinerante com o objetivo de zerar a fila de cerca de 3 mil pessoas que procuram a rede pública para o procedimento.
Duas carretas, fornecidas por licitação pelo Instituto Fábio Vieira, funcionam como centro cirúrgico e consultório. No entanto, a tenda provisória foi instalada pela Mega Estrutura, terceirizada pelo instituto — nenhum representante das empresas foi encontrado para comentar o caso.

Segundo o administrador regional de Ceilândia, Ari de Almeida, a licença para utilização da área foi concedida após a apresentação da anotação de responsabilidade técnica (ART) e do laudo da estrutura ser apresentado pela empresa responsável pela montagem das tendas. Mas ele não confirmou se a Defesa Civil ou Corpo de Bombeiros realizaram vistoria nem mostrou os documentos. A ART define os responsáveis técnicos por um empreendimento e deve ser assinado por engenheiro ou arquiteto. .