“Quando os retiramos do fluxo e os levamos para a viatura, a mulher resolveu espernear e gritar.
“A gente retirou os dois rapidamente dali, então eles (os dependentes) foram para cima da base móvel, instalada na Rua Helvétia”, disse o policial.
A base também foi danificada. A polícia, então, decidiu montar uma linha defensiva, com policiais com escudos, para tentar reprimir com mais força a revolta dos dependentes. Depois que as bombas foram lançadas, ainda de acordo com a PM, os ânimos se acalmaram. Por volta das 19h, todo o entorno do Largo Coração de Jesus, das Alamedas Barão de Piracicaba e Dino Bueno e da Rua Helvétia estava sem dependentes.
O fluxo estava apenas no primeiro quarteirão da Rua Helvétia, na frente da base do Programa De Braços Abertos - ação da Prefeitura desenvolvida na região que busca reduzir o consumo de crack oferecendo moradia, alimentação e emprego para parte dos habitantes da região. A polícia observava os dependentes de longe.
O tumulto de ontem foi a terceira ocorrência em que dependentes entraram em confronto com a polícia desde que foi iniciada a política de redução de danos da gestão Fernando Haddad (PT), em janeiro. Na primeira, o confronto foi provocado pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Polícia Civil. No segundo, há duas semanas, o tumulto também começou depois da prisão de uma mulher acusada de tráfico.
Oportunidade
Ontem, enquanto o confronto entre usuários e polícia se desenvolvia, segundo policiais militares, dependentes de crack aproveitaram para tentar roubar celulares de funcionários da seguradora Porto Seguro, que ocupa boa parte do bairro.
Um deles abordou uma mulher, que resistiu. “Estava esperando o ônibus quando ele (assaltante) chegou. ‘Solta o celular’, ele gritou. Eu ainda tentei puxar, mas ele me arranhou e me empurrou. Daí, seguiu em direção à Avenida Rio Branco”, disse uma assistente comercial de 38 anos.
O suspeito foi perseguido por um segurança da própria Porto Seguro - que mantém 25 seguranças particulares no bairro justamente para evitar o grande número de furtos a seus funcionários - e foi detido antes de chegar à Rio Branco.