O número de flores e as cores delas diferem a cada ano. E isso se deve em boa parte ao clima que antecede o verão. É no inverno que os brotos que vão virar flores na primavera começam a se formar.
Para o futuro, o Ministério do Meio Ambiente japonês fez um cálculo que estima que no período de 2082 a 2100, principalmente no leste e norte do Japão, a florada pode ocorrer em média 14,5 dias antes do que costumava ser entre 1981 e 2000. O testemunho de Sano foi compartilhado nesta quarta-feira, 26, pela ONG ambiental WWF em Yokohama, no Japão, onde cientistas e representantes do governo debatem a versão final do Sumário para Formuladores de Políticas da segunda parte do relatório do IPCC (o painel do clima da ONU), que trata de impactos, vulnerabilidades e adaptação. Coincidiu com a florada das cerejeiras da cidade, que abriram ontem. Antes isso costumava ocorrer só em abril. Isso já trouxe ao menos uma mudança cultural no Japão. A florada costumava coincidir com o início do ano letivo no país, em abril, e os novos alunos eram recebidos com flores de cerejeira. Agora são os formandos em março que recebem a flor.
Floresta sagrada.
Outro ícone ambiental do Japão que está em risco são as Montanhas Shirakami (ou deus branco), no norte do país. Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, é berço da floresta de faias e do urso-preto e cenário de uma história em quadrinhos muito popular no Japão, A Princesa Mononoke. Ex-caçador de ursos e hoje guia turístico do parque, Mitsuharu Kudo conta que alguma coisa incomum está acontecendo na floresta - a neve está diminuindo e há infestação de insetos que comem as castanhas da faia todo ano. Assim como Sano, Kudo foi convidado pelo WWF para compartilhar sua história.