Nesta parte, o documento distingue o nível de confiança de cada risco, partindo do médio para o muito alto, de modo a orientar governantes sobre onde pode ser melhor agir primeiro. As características físicas são determinantes (por exemplo, se uma região já é afetada por tempestades ou secas), mas fatores socioeconômicos são decisivos para estabelecer a vulnerabilidade de uma população e sua capacidade de adaptação. "A vulnerabilidade aumenta não só pelo clima, mas por fatores não climáticos, como o planejamento urbano, por exemplo", comenta o pesquisador argentino radicado no Brasil José Antonio Marengo, do Instituto Nacional de Mudanças Climáticas (Inpe).
Brasil.
Para o País, analisado dentro do bloco de América do Sul, fica claro o aumento já observado da média anual de chuva no sudeste (0,6 mm/dia de 1950 a 2008). Apesar de parecer um contraste com o cenário de seca que a região está vivendo, o dado tem de ser visto como uma média. Além disso, há um agravante. Boa parte dessa chuva tende a cair de uma vez só, em grandes tempestades, causando inundações e deslizamentos - e não chega a ser armazenada. Em outros dias, há pouca ou nenhuma chuva, o que pode dar a noção de seca, mesmo sem o volume total cair. Para o Nordeste, o IPCC volta a reafirmar o risco de aumento da aridez. A disponibilidade de água deve diminuir com a redução das chuvas e aumento da evapotranspiração nas regiões semiáridas.
Cerrado.
Uma versão preliminar do relatório completo, que também está circulando na internet, traz alguns alertas para a Amazônia e o Cerrado brasileiro. O texto comenta que "mudanças no uso da terra contribuem significativamente para a degradação ambiental, exacerbando os impactos negativos das mudanças climáticas". Os cientistas reconhecem que o desmatamento na Amazônia está em queda, mas lembram que o do Cerrado segue crescendo. "A expansão da agricultura, em algumas regiões associadas a um aumento da precipitação, tem afetado ecossistemas frágeis, como as fronteiras da floresta amazônica e os Andes tropicais.".