Policiais militares e da PRF fizeram barreiras e buscas na tentativa de prender Leonardo dos Santos, de 18 anos, o único que permanecia foragido. Mas foi a população que denunciou o jovem, visto caminhando por uma estrada próximo de onde havia escapado da perseguição policial no dia do crime, na madrugada de segunda-feira, 17.
O rapaz é o principal suspeito de ter atirado contra os policiais da PRF, dando início à troca de tiros que vitimou a advogada. Camila estava trancada pelos assaltantes no porta-malas do próprio carro. A origem dos tiros que mataram a advogada ainda é investigada. A principal hipótese é de que ela tenha sido alvejada pelos policiais, já que, na região onde Camila foi rendida, os moradores próximos não ouviram tiros no dia da ocorrência. A Corregedoria da PRF acompanha as investigações.
O delegado que assumiu o caso, Júlio César Vargas, informou que Leonardo não tem passagens pela polícia em Goiás, enquanto os dois que foram presos na segunda, 17, dia do crime - Elias Rodrigues, de 23 anos, e Fabiano Muller Pires, de 21 anos -, têm passagens por uso de drogas. Ferido com um tiro na perna durante a fuga, Elias acabou se entregando.
Segundo Júlio, Leonardo estaria no banco do carona do Corsa Classic da vítima, enquanto Elias dirigia o carro. Os primeiros tiros teriam partido do carona, segundo depoimento dos outros dois presos, prestado em Mineiros.
O delegado salienta, contudo, que, somente após o laudo pericial, a balística e o laudo do exame cadavérico ficarem prontos será possível saber quantos projéteis, e de quais armas, atingiram Camila. Ele disse que contou oito perfurações de bala, mas ainda não é possível concluir quantos tiros atingiram o veículo particular e o carro policial e muito menos de onde partiram. O trio usava uma espingarda cartucheira de alto calibre, uma faca e uma arma menor que ainda não foi encontrada - os policiais rodoviários usavam pistolas ponto 40.
Sequestro
Após consumirem crack e maconha, os assaltantes tinham forçado a vítima a entrar no porta-malas do Corsa durante a madrugada, assim que ela saiu do velório de um tio em um cemitério de Mineiros. A polícia apurou que o objetivo era usar o carro para roubar outro veículo, já encomendado por alguém.
Ao trafegarem com o carro de Camila pela BR-364, em alta velocidade, os assaltantes passaram direto por uma blitz da PRF, montada próximo de um radar, ponto onde os motoristas têm de reduzir a velocidade, facilitando a identificação de suspeitos. A atitude atípica chamou a atenção dos agentes federais que saíram em perseguição.
Os agentes alegaram que os assaltantes atiraram primeiro contra o carro policial e eles então revidaram. Os patrulheiros somente perceberam a vítima no porta-malas quando os assaltantes abandonaram o veículo. Camila ainda estava viva, foi socorrida pela equipe, mas não resistiu, morrendo a caminho do hospital. O delegado disse que a versão dos policiais é coerente com a cena do crime e que, aparentemente, "eles agiram no estrito dever legal e tiveram uma reação justa, desconhecendo a presença da vítima no porta-malas".
Camila havia se formado recentemente em direito, passado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e montado um escritório de advocacia em sociedade com uma prima, em Mineiros. Planejava estudar mais e prestar concurso para ser juíza. O enterro da jovem advogada ocorreu terça-feira, 18, no Cemitério Municipal de Mineiros, sob clima de forte emoção de parentes e amigos. O pai da jovem é delegado de polícia no Tocantins e foi à delegacia de Mineiros em busca de informações para oferecer ajuda na elucidação do caso..