Jornal Estado de Minas

Carandiru: Advogado de PMs acusa ativistas dos direitos humanos de defender bandidos

Defensor diz que direitos humanos e o governo atrapalham o trabalho da polícia e afirma que prefere "bandido morto a policial ferido"

Agência Brasil
Durante a sua tréplica no julgamento do Massacre do Carandiru, o advogado Celso Vendramini, que defende dez policiais acusados pela morte de oito detentos e por tentativa de homicídio de três presos que ocupavam o quinto pavimento do Pavilhão 9, na extinta Casa de Detenção do Carandiru, em São Paulo, voltou a dizer que prefere “bandido morto a policial ferido”.
O Massacre do Carandiru ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram mortos durante ação policial para conter uma rebelião.

Por mais de duas horas, o advogado insistiu na tese de que os dez policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais não estiveram no quinto pavimento do Pavilhão 9 no dia em que o massacre ocorreu, mas que agiram no quarto pavimento. Ele também questionou o fato de que é impossível individualizar as condutas dos policiais, dizendo qual deles matou quem. “Tem policial ali que deu quatro tiros. Como ele poderia ter matado oito detentos?”, peguntou o advogado.

Vendramini voltou a questionar nesta quarta-feira (19), como fez na terça-feira durante a fase de debates, os movimentos de direitos humanos que, segundo ele, estariam mais interessados em defender bandidos. “Os promotores estão preocupados como isso vai repercutir no direitos humanos de bandido. Mas eu quero que a Organização das Nações Unidas vá às favas”, falou ele.

Para o advogado, os movimentos de direitos humanos e o próprio governo têm impedido a Polícia Militar de agir de forma mais firme em diversas situações. “Não sou a favor de tortura e homicídio, mas sou a favor de a Polícia Militar se defender.
Mete bala na perna do bandido, como advertência. Hoje a PM não pode agir. Mas precisamos de homens neste país, que tomem decisão. Com a condenação dos policiais, os senhores estarão dizendo sim ao crime organizado”, disse.

“Vamos dizer não ao filme Carandiru e à hipocrisia de se ouvir apenas um lado e não o dos policiais. O povo tem que colocar um fim à injustiça e absolver os policiais”, acrescentou.

Ao final de sua tréplica, o advogado citou a letra da música É Preciso Saber Viver, do cantor Roberto Carlos, comparando-a com o julgamento. “Se o bem e o mal existem/Você pode escolher, diz a música. Vocês jurados, devem escolher entre o bem, que é a Polícia Militar, e o mal, que é o Carandiru e os bandidos”.

Neste momento, o Conselho de Sentença, formado por sete jurados, está reunido para decidir se condenam ou não os policiais. Segundo o Tribunal de Justiça, os jurados terão que responder a mais de 500 quesitos, respondendo se condenam ou não os dez policiais pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídio de três presos que ocupavam o quinto pavimento do Pavilhão 9. Não é possível prever em que momento a sentença será divulgada..