À reportagem, Araújo explicou que a falta de planejamento - da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e do governo estadual - é antiga. "Documentos de 15, 10 anos atrás, como a própria outorga do Sistema Cantareira (de 2004), já previam que a demanda por água em São Paulo seria maior que a capacidade do manancial". Hoje, o Cantareira é a principal fonte de abastecimento da Grande São Paulo, correspondendo a 47% do atendimento na região.
Ao contrário do que argumenta a concessionária, o especialista afirmou que a atual situação de escassez, mesmo que atípica, deveria constar no planejamento de utilização dos recursos hídricos do sistema. Araújo apontou ainda uma série de medidas que deveriam ter sido implementadas para garantir a sustentabilidade do abastecimento de água na região. Tratamento da totalidade do esgoto, captação de água das chuvas na capital paulista e despoluição dos rios da região metropolitana estão entre as alternativas apresentadas.
Já a medida proposta nesta terça-feira ao governo federal pelo governador Geraldo Alckmin e pela diretora presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, para a construção de um novo canal de 15 km que interligará o Sistema Cantareira à Represa de Igaratá, no Vale do Paraíba, não resolve o problema da sustentabilidade do abastecimento, avalia Araújo. "Você reduz o comprometimento de uma bacia e aumenta o da outra", resumiu o especialista.
Segundo ele, a transposição apenas reproduziria o impasse já existente hoje entre a Sabesp e o consórcio da Bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abastece as cidades da região de Campinas também a partir do Cantareira..