Sobre os chamados "matadores", o promotor disse que apenas um deles não tinha registro de mortes em sua carreira.
Friggi rebateu também a frase do advogado Celso Vendramini, que defende os dez PMs, que durante a sustentação ao jurados assumiu, com orgulho, que já havia matado bandidos quando era policial militar da Rota, na década de 1980. "Uma coisa é agir em legítima defesa e lamentar. Outra coisa é bater no peito e ter orgulho de matar alguém. Para mim, isso é um discurso bom na boca do assassino", afirmou Friggi.
Sobre o perfil das vítimas, o promotor afirmou que os detentos eram, na grande maioria, jovens, com baixa escolaridade e nordestinos. Friggi citou o caso de Elias Costa, de 19 anos, que tinha o ensino fundamental e estava preso provisoriamente havia menos de um mês, sem condenação, quando foi assassinado.
Outra vítima, Francisco da Silva, de 24 anos, era baiano, ajudante de pedreiro e também não havia sido condenado quando foi morto. José Carlos da Silva, também preso no Carandiru sem ter sido condenado, morreu com oito tiros, dois deles nas costas.
Após a argumentação da Promotoria, que durou duas horas, o julgamento entra agora na fase de tréplica.
A questão sobre a individualização da autoria das mortes foi uma das mais discutidas pelos promotores. Para o MPE, é desnecessário provar qual PM matou cada detento e os policiais devem ser julgados pela ação em conjunto que resultou na morte das vítimas. Apesar disso, a Promotoria pediu na terça-feira, 18, que os policiais sejam absolvidos de duas das dez mortes, o que será decidido pelos jurados..