O MPE investiga cerca de 50 servidores das Finanças por suspeita de enriquecimento ilícito. A diferença é que, no caso de Pardal, a apuração é também criminal: ele é suspeito de lavagem, transferindo dinheiro obtido ilicitamente para suas empresas. A suspeita, segundo o Ministério Público Estadual, é de que ele tenha acumulado patrimônio de R$ 30 milhões, divididos em veículos e bens de suas empresas. A investigação tem foco nele. Os eventuais parceiros não eram servidores, segundo a investigação.
O fiscal nega participação em esquemas ilícitos, afirma que as empresas estavam no nome de seu pai e diz que seu patrimônio é de R$ 2,6 milhões - dinheiro obtido licitamente, segundo diz. As empresas são do ramo de locação de veículos e estacionamentos. Uma delas, a Dez Emergências, que faz locação de ambulâncias, tem contratos com a Secretaria da Saúde, conforme levantamento do Estado.
Em depoimento prestado em novembro, a ex-mulher de Pardal, Gina Cecília Fabiano Pardal, afirmou que o suspeito era o efetivo administrador das empresas que ela mantinha em sociedade com o pai dele, já morto. No depoimento, ela disse que o fiscal chegou a colocar dinheiro nas empresas e justificava que havia recebido diferenças da Prefeitura de São Paulo.
Esses valores giravam em torno de R$ 40 mil e foram utilizados para dar entrada na compra de veículos para aumento da frota. Em outras oportunidades, Daniel (Pardal) injetava dinheiro na empresa e justificava que havia emprestado do pai. Nesse caso, os valores eram maiores, em torno de R$ 200 mil. Apesar disso, ela disse não saber detalhar quais seriam os esquemas ilícitos do fiscal.
O salário bruto do suspeito, segundo o site de transparência da Prefeitura, é de R$ 22.884,56. A reportagem contatou o advogado que acompanhou o depoimento da ex-mulher, mas ele afirmou que não a defendia mais. O Estado não conseguiu localizá-la - depois da separação, o casal briga na Justiça pela posse das empresas.
Investigação.
A Prefeitura de São Paulo tem um grande número de denúncias anônimas contra o fiscal, que começaram na década de 1990. A investigação atual partiu da Controladoria-Geral do Município, que desde o ano passado vem comparando dados sobre a renda e o patrimônio dos servidores públicos - uma política para identificar eventuais servidores que praticavam atos de corrupção.
No caso de Pardal, no entanto, apesar do grande número de empresas em nome de seus parentes, os investigadores da Controladoria notaram que o fiscal também manteria seus bens no nome de outras pessoas, o que dificulta a investigação - tanto que o fiscal ainda não foi afastado. No caso da máfia do ISS, o Ministério Público conseguiu apurar um patrimônio de R$ 80 milhões em nome dos suspeitos - mas a investigação ainda não terminou..