Entretanto, a Sabesp nega a possibilidade da adoção de racionamento na Grande São Paulo. Em nota, a concessionária responde que no momento "não trabalha com nenhum tipo de restrição de consumo".
Para evitar um possível cenário de desabastecimento de água, a concessionária recebeu autorização do governo para explorar o volume morto do Sistema Cantareira, volume de água que fica abaixo do nível operacional de captação do fundo dos reservatórios. Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a Sabesp anunciou a compra de 20 bombas e o início das obras de infraestrutura necessária para utilização da reserva adicional de 400 milhões de metros cúbicos (m³).
De acordo com a concessionária, a compra das bombas custou R$ 80 milhões e a previsão é de que o início da captação da água do volume morto ocorra em 60 dias.
Segundo a presidente da Sabesp, Dilma Pena, as bombas serão instaladas nas represas Jaguari/Jacareí e Atibainha. "É importante a população saber que a Sabesp está tomando todas as medidas para garantir o abastecimento", afirmou. Questionada sobre a possível adoção de um racionamento, a executiva afirmou que a concessionária está "fazendo todo o esforço para garantir o abastecimento de água".
Dilma classificou o atual momento como uma "crise hídrica", causada exclusivamente pela falta de chuvas.
Cálculo do Consórcio PCJ (entidade que representa as demais cidades que dividem a outorga do Sistema Cantareira com a Sabesp) estima que seriam necessários 1000 milímetros (mm) de chuvas entre fevereiro e março para garantir que os reservatórios retornassem a um nível considerado seguro. Para março, a média de chuvas esperada é de 184,1 mm, segundo dados da própria Sabesp.
No relatório que o comitê anticrise instituído pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), divulgou em 18 de fevereiro, a estimativa para o pior cenário de estiagem é que a água do nível operacional do sistema acabe no fim de agosto. Mesmo no cenário mais positivo projetado pelo comitê, o índice do volume de água armazenado no Cantareira em novembro deste ano deve ser de 17%, nível que ainda é considerado crítico por técnicos do setor de saneamento.
No início do mês, a concessionária anunciou um programa de descontos de até 30% na tarifa dos clientes que reduzirem o consumo de água em 20%, benefício que será válido até agosto ou até a normalização do sistema. Além disso, em janeiro, a Sabesp já havia transferido o abastecimento de 1,6 milhão de consumidores da zona leste da capital paulista para o Sistema Alto Tietê. A concessionária também chegou a fechar um contrato de R$ 4,5 milhões com uma empresa para indução de chuvas sobre o sistema..