Os investigadores firmaram um tratado de assistência mútua com o Brasil e estão frequentando a sede do Ministério Público Estadual (MPE), no centro da capital, desde o começo da semana, onde já estiveram reunidos com promotores do Patrimônio Público e Social. Testemunhas já inquiridas por aquela promotoria e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) devem ser ouvidas em investigação própria da equipe canadense.
A Real Polícia Montada é uma autoridade policial federal, que tem jurisdição para atuar em crimes municipais, estaduais e até federais no país da América do Norte. A investigação é supervisionada por Biage Carrese, do escritório de Investigações Sensíveis e Internacionais, que já tem trocado ofícios com promotores paulistas. O investigador teve destaque na mídia canadense no ano passado ao apurar gastos oficiais de senadores e do gabinete do primeiro-ministro.
Cooperação
A assistência firmada com o Canadá inclui, além da tomada de depoimentos, a localização de pessoas e objetos, por meio de mandados de busca e apreensão, a tomada de bens e confisco de produtos oriundos de crimes - e até a disponibilidade de pessoas detidas para fornecimento de provas necessárias à investigação.
O Estado requerido (Brasil) deverá convidar a pessoa (testemunha) a auxiliar a investigação ou comparecer em juízo como testemunha no processo judicial e deverá solicitar a cooperação dessa pessoa. Essa pessoa deverá ser informada sobre as despesas e ajudas de custo que lhe serão pagas, diz um dos artigos do termo de cooperação.
O acordo garante também salvo-conduto para testemunhas que precisem ser transferidas para o Canadá para depor na condição de testemunha naquele país e garante que as solicitações feitas por Ottawa sejam acompanhadas de tradução. Além disso, garante que o Canadá arcará com perícias e transporte de pessoal.
O Ministério Público Estadual trata a investigação como sigilosa e não dá detalhes. Promotores esperam que a colaboração também possa ajudar na obtenção de documentos que poderão ser usados nos inquéritos em andamento que também citam a empresa, para obter provas contra brasileiros que participaram das irregularidades.
Suspeitas
No caso da máfia do ISS, a Brookfield admitiu ao Ministério Público ter pago R$ 4,1 milhões aos fiscais da Secretaria Municipal de Finanças que cobravam propina para permitir a sonegação do imposto. Foi a primeira empresa a colaborar com a investigação, ainda em novembro do ano passado, logo após a prisão dos quatro fiscais acusados de integrar o núcleo do esquema.
A delação foi feita um ano depois de a empresa aparecer no caso Aref. Em junho de 2012, uma ex-diretora da incorporadora testemunhou que a BGE, empresa do grupo, pagou R$ 1,6 milhão em propina para agentes ligados ao ex-chefe do Aprov (departamento da Prefeitura que libera novos empreendimentos), Hussain Aref Saab.
Isso para que os prédios dos Shoppings Pátio Paulista e Pátio Higienópolis, ambos na região central, fossem liberados mesmo com irregularidades.Procurada, a assessoria de imprensa da Brookfield afirmou que os executivos da empresa desconhecem o caso. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.