Jornal Estado de Minas

Críticas no caso da Boate Kiss ocorrem por falta de informação, diz subprocurador

Agência Brasil
Grupo que pede justiça pelas mortes ocorridas na boate Kiss estende faixa em Santa Maria - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles, disse que as críticas de parentes das vítimas do incêndio na Boate Kiss e da imprensa são resultado da falta de informação. Segundo ele, é preciso analisar e conhecer o caso antes de atacar o Ministério Público (MP). Dornelles participou nesse domingo (26) do segundo dia do 1º Congresso Internacional Novos Caminhos, que debate segurança e prevenção de acidentes.
O representante do MP foi questionado pelos participantes do congresso sobre as divergências entre a denúncia dos procuradores e a conclusão do inquérito da Policia Civil. A investigação policial pediu o indiciamento de 16 pessoas. O documento foi encaminhado ao MP, que denunciou formalmente oito pessoas, e a Justiça acatou a denúncia.

Para Dornelles, o órgão denunciou oito envolvidos porque os fatos não comprovaram a responsabilidade criminal dos outros indiciados, como é o caso de servidores municipais e agentes do Poder Executivo municipal. “Na avaliação feita, comprovou-se que os servidores agiram com regularidade. Não vamos criar fatos nem acusações por vingança, como muita gente quer.” Ele admitiu, contudo, que o MP pode voltar atrás e rever a denúncia, caso haja novas provas.

Até o fim de fevereiro, o delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, espera concluir mais dois inquéritos sobre o caso, que evidenciam irregularidades que tinham sido apontadas no primeiro documento. “Os novos inquéritos não vão mudar o rumo do processo. Só vão reforçar as falhas que já tínhamos apontado antes”. Sobre as conclusões, o delegado evitou falar, mas reafirmou que há provas materiais de que houve irregularidades na liberação de licenças da boate.

Foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio doloso qualificado – em que a pessoa assume o risco por sua atitude – os ex-sócios-proprietários da boate Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, que acendeu o artefato pirotécnico, e o produtor do grupo musical, Luciano Augusto Bonilha Leão, que comprou os fogos.

A tragédia de Santa Maria ocorreu em 27 de janeiro do ano passado, quando 242 pessoas morreram e mais de 620 ficaram feridas em um incêndio na Boate Kiss. O fogo começou durante a apresentação da banda, quando o músico Marcelo dos Santos acendeu o artefato pirotécnico.