Jornal Estado de Minas

"Erramos", reconhece secretário sobre mortes em viaduto do DF

Após a segunda morte em pouco mais de três meses, o secretário de Obras reconhece falha por demora na reforma da estrutura localizada em Ceilândia Norte

Maryna Lacerda Thiago Soares Amanda Maia
Alagamento matou um homem afogado dentro do carro nesta terça-feira, três meses atrás um menino morreu dentro de um ônibus no mesmo local - Foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press
Uma morte não foi suficiente para que o Governo do Distrito Federal tomasse providências a fim de proteger a população das inundações no viaduto da QNN 5/7, em Ceilândia Norte. Pouco mais de três meses se passaram desde a tragédia da estudante Geovana Moraes de Oliveira, 6 anos, em outubro de 2013, e a de Manoel Silva Júnior, 20 anos, na madrugada de terça-feira. Mais uma vez, a falta de manutenção e de ampliação do sistema de drenagem de águas pluviais foi determinante para os acidentes.
Em uma reação tardia, o GDF anunciou, ontem, a interdição do local para a ampliação da capacidade da rede de escoamento. Além disso, chama a atenção o fato de a restruturação ser realizada no período chuvoso, justamente aquele apontado, inicialmente, como empecilho para o início dos reparos. Diante disso, o secretário de Obras, David Matos, reconheceu a falha do governo. “A nossa expectativa era de que, se em 20 anos (da construção da estrutura) aquilo (a morte da garota) aconteceu uma vez, pensamos que, até a gente fazer o processo de licitação (para reparo na rede, na época da seca), isso não voltaria a acontecer. Erramos, aconteceu essa fatalidade outra vez”, assumiu.

Diâmetros distintos das tubulações da Novacap e da linha do Metrô, que margeia a quadra, explicam tecnicamente os constantes alagamentos na área. De acordo com Matos, as manilhas do sistema metroviário são maiores do que as da rede tradicional, o que provoca problemas de vazão no canal. “A rede de interligação de drenagem do Metrô e da Novacap foi feita há 20 anos e descobrimos que há uma diferença na bitola dos tubos, e esse é o causador da retenção de água. A água quer passar e não corre.”

Para quem vive perto do viaduto, os afogamentos poderiam ser evitados, principalmente após a primeira morte. Moradora da Quadra 5 há 13 anos e mãe de cinco crianças, a empregada doméstica Deborah Mayara de Souza, 27, está descrente. “Quando é que isso vai parar? Só tomam alguma iniciativa perto das eleições ou quando acontece alguma tragédia. Não fizeram nada nem vão fazer. A tendência é continuar assim”, lamentou.