Sob sol forte e no meio da confusão, vários usuários passaram mal. Uma mulher desmaiou logo que saiu da estação de trem e foi ajudada por passageiros. Policias militares e funcionários da Supervia que estavam no local só prestaram os primeiros-socorros depois que os passageiros começaram a gritar por ajuda. Ainda desacordada, ela foi levada numa viatura da Polícia Militar (PM) para uma clínica perto da estação.
O pintor Paulo Nascimento, de 54 anos, pegou o trem às 6h15 em Nilópolis, na Baixada. Nascimento precisava chegar à Cinelândia às 8 horas, mas às 8h30 ainda estava na São Francisco Xavier. "Ficamos presos dentro da estação e houve confusão para sair. Tenho pressão alta e não posso ficar no tumulto, então, tive de esperar todo esse tempo para sair." Mesmo com o atraso e a confusão, ele ainda tentava chegar ao trabalho. "Nem procurei ressarcimento. Vou tentar chegar, mesmo que ao meio-dia, para não perder o dia inteiro."
Grávida de 6 meses, a operadora de telemarketing Luciene Cardoso, de 26, embarcou em Japeri às 6h e tentava chegar à Central. Somente às 8h45, Luciene conseguiu sair da São Francisco Xavier. Ela afirmou que não recebeu ajuda de nenhum funcionário da Supervia para deixar a estação. Para completar, não conseguiu ligar para o trabalho. "Ninguém me ajudou em nada. Agora, preciso arrumar um jeito de voltar para casa. Não tenho como ir para o trabalho."
Moradora de Mesquita, a cuidadora de idosos Alexandra Lemos, de 40 anos, seguia para o primeiro dia no novo emprego, no Catete, onde deveria chegar às 8h. Mesmo com o bilhete comprado às 6h30, só foi informada das dificuldades depois de ter embarcado. "Meu celular descarregou e não consegui avisar que me atrasaria. Vão achar que eu costumo me atrasar para o trabalho." Mesmo com a falta de informação, Alexandra e duas amigas conseguiram o tíquete de restituição e uma declaração da concessionária explicando o motivo do atraso.
Sem informação, a babá Simone Aquino, de 40 anos, tentava embarcar no ônibus com o tíquete entregue pela Supervia. "Tem de pagar o ônibus? Pensei que era para passar com esse bilhete que eles entregaram", disse. Acompanhada por Alexandra e outra amiga, ela tentava chegar à Urca, na zona sul. "Normalmente, pego trem, metrô e um ônibus. Nem sei como vou fazer hoje." O fiscal de ônibus Antônio Carlos Ferreira, de 45 anos, foi deslocado de Cascadura, no subúrbio, para a São Francisco Xavier, com o objetivo de orientar os passageiros. Morador da Pavuna, Ferreira pega três ônibus para chegar ao trabalho, mas se sentiu constrangido com a situação dos passageiros do trem. "Todos nós que usamos transporte público ficamos constrangidos com essa situação. Fiquei muito triste em ver o povo passando por isso."