Jornal Estado de Minas

Dupla de mascarados faz shows na Avenida Paulista e mostra o poder das redes sociais

Tábita Martins
Um cavalo tocando bateria. Um panda tocando saxofone: é nesse clima inusitado que uma dupla de artistas tem conquistado cada vez mais fãs na Avenida Paulista, ousando ora pela perfomance, ora pela qualidade musical. Com a proposta de desacelarar o ritmo de quem transita e quebrar a rotina das pessoas em uma das vias mais movimentadas do país, a dupla tem ganhado reconhecimento do público principalmente nas redes sociais.
O Panda Sax e o Cavalo Beats fazem parte do Sax in the Beats, um projeto que leva entretenimento e boa música às ruas de São Paulo. John Paiva, publicitário e músico, de 24 anos, conta que a primeira vez que tocaram na rua levaram o violão e o saxofone, mas notaram que para chamar a atenção, precisariam de um diferencial.

A Avenida Paulista é uma das mais movimentadas do mundo. Considerada um dos principais centros financeiros da capital se revela também como pólo cultural e de entretenimento. Se a avenida fosse uma cidade, por exemplo, estaria entre as 150 maiores do Brasil. Não à toa, a dupla percebeu que precisava buscar formas de competir com o barulho, o trânsito e a correria na via, já que o local foi escolhido como palco para as apresentações.

"Depois de muito tempo pensando no que fazer e muita pesquisa, chegamos a conclusão de que precisávamos de algo lúdico, que interessasse qualquer pessoa, de qualquer idade, gênero ou classe econômica. Pensamos em uma fantasia, mas não podia ser qualquer uma. Buscavámos algo que não tivesse rótulos, e nos permitisse criar os nossos próprios personagens. Foi aí que encontramos o panda", detalha o jovem.

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Para teste, John Paiva e Nilton DuSax compraram a cabeça do panda e tentaram adaptar a boca para o instrumento que acabou dando certo. Voltaram à loja para comprar uma nova cabeça de panda e já pensavam em mudar o nome da dupla para Panda's Groove. No entanto, o artefato já tinha se esgotado e eles voltaram decepcionados para casa. "Mas esse desencontro acabou sendo bom, já que meses depois encontramos a cabeça de cavalo, criando uma dupla ainda mais inusitada e menos 'fofinha'. Além de manter o velho nome, a nova fantasia me ajudou a realizar um antigo sonho de adolescência: tornar-me um verdadeiro 'cavalo' na bateria, conta John Paiva.

Poder das redes sociais
John aproveitou o conhecimento de publicitário parar criar a logo e o slogan da dupla, além da página no Facebook e canal no Youtube. Com a repercussão e quase 6 mil curtidas na página e milhares de compartilhamentos, os próprios pedestres passaram a alimentar os canais com fotos criativas dos mascarados, além de postar comentários positivos sobre a música, a ação ou a ousadia dos jovens. A partir disso, eles foram conquistando mais fãs, atraindo mais gente na rua, mais sorrrisos, mais aplausos e mais dinheiro na “caixinha”.

Começaram também, a surgir oportunidades e o Sax in the Beats já foi convidado para fazer comerciais, tocar em casamentos, lançamentos de livro, eventos corporativos e tem alcançado cada vez mais visibilidade em grandes meios de comunicação como TVs e revistas.

“As redes sociais são imprescindíveis para o nosso trabalho, é lá que a gente mantém contato com o nosso público. Na rua é complicado porque as pessoas passam, assistem a apresentação e vão embora, se não tivéssemos Facebook, nunca teríamos como manter esse contato com as pessoas”, destaca.

A intenção dos músicos é melhorar a gestão das redes sociais e criar conteúdo mais frequente para youtube, com uma linguagem voltada para a internet, em busca de algo diferente do que já fazem na rua.

A exemplo da Paulista, a dupla pretende levar boa música a todas as grandes avenidas do País e para isso iniciaram um projeto de viagem. Por ser um projeto caro, eles pretendem conseguir financiamento da Lei Rouanet. “A arte sempre deixa tudo mais bonito. A música é algo que está presente na vida de praticamente todo mundo. Mesmo com muitas atrações, as cidades sempre têm carência cultural. A arte de rua é acessível a todos e mesmo com o transito engarrafado, a correria do trabalho e as preocupações do dia-a-dia, ela está ali, cumprindo seu papel de fazer as pessoas se emocionarem e sorrir”, finaliza John.

Enquanto as viagens do Sax in the Beats não se efetivam de fato, ambos tem projetos paralelos na arte. John Paiva trabalha com publicidade e é baterista do Grupo Seela e Nilton tem trabalhos como músico frelancer em diversas bandas e grupos de casamento.

No mês passado, o Centro Cultural do Banco do Brasil, promoveu no Rio de Janeiro uma mostra para discutir o poder do conteúdo viral em busca de explicar o fenômeno da multiplicação. O curador da mostra, Diogo Rezende, explica que as redes sociais são espaços democráticos que facilitam a divulgação de conteúdo, mas não têm a capacidade de mudar tão profundamente a cultura de uma sociedade.

O total de pessoas com acesso à internet no Brasil no primeiro trimestre de 2013 passou dos 100 milhões, segundo o IBOPE Media. O crescimento foi de 9% sobre os 94,2 milhões divulgados pelo IBOPE Media no terceiro trimestre de 2012.

Estima-se que o Brasil tenha hoje mais de 46 milhões de usuários de redes sociais, segundo o último levantamento do Ibope. No mesmo período do ano passado, esse total era de 40,6 milhões de usuários, um crescimento de aproximadamente 15%. O total de usuários segue uma tendência constante de crescimento. Em julho de 2009, ano de lançamento do Twitter, o total de usuários da subcategoria era cerca de 31,6 milhões de pessoas. Já em julho de 2010, o número saltou para 33,7 milhões e no mesmo período de 2011, já atingia 37,9 milhões.

Em média, cada participante de redes sociais tem cadastrado 273 amigos. Em Belo Horizonte, 13% dos participantes da pesquisa revelaram ter mais de 700 amigos. E, quanto mais jovem é o usuário de redes sociais, maior é a tendência de substituir os e-mails e torpedos por mensagens postadas nos sites.

Veja o vídeo da dupla durante um Flash mob dentro do metrô de SP
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Com Agência Brasil e Estado de Minas