Jornal Estado de Minas

Com abraços gratuitos, religiosos ajudam a amenizar dor de quem visita cemitério

Grupo de fiéis buscou dar conforto às pessoas que foram ao cemitério Cemitério Campo da Esperança em Brasília

Agência Brasil
Um grupo de 50 religiosos, ligados a diversas igrejas do Distrito Federal, encontrou uma maneira bem-humorada de ajudar as pessoas que visitam túmulos de parentes neste Dia de Finados a lidar com a saudade. Com sorriso estampado no rosto e usando cartazes escritos à mão, com letras coloridas e grandes, eles oferecem abraços gratuitos a quem passa pelo Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, região central de Brasília. De acordo com o coordenador da iniciativa, o estudante Gabriel Dantas, 19 anos, o objetivo é levar um pouco de conforto a quem vive um momento de emoção.
"Nós nos preparamos antes da ação, tentamos passar para todo mundo que vai participar que não podemos impor nosso abraço, mas oferecer a quem quiser recebê-lo", explicou.

Para a funcionária pública Claudia Cristina, 43 anos, integrante do grupo, é gratificante ver como as pessoas gostam de receber carinho em um momento delicado. "Em geral, as pessoas que vêm ao cemitério estão carentes e a gente vê claramente como muitas, às vezes estando sozinhas, têm necessidade desse abraço. Há aquelas que não aceitam, passam, nem nos olham, mas outras não esperam a gente oferecer, vêm até nós para receber o abraço", disse.

Depois de visitar o túmulo da mãe, que morreu há mais de 20 anos, a servidora pública Rosiane Alves, 47 anos, fez questão de receber um abraço de Cláudia. Segundo ela, a surpresa ajuda a amenizar a tristeza da perda.

"Cada um entra aqui com um tipo de sentimento e é uma surpresa ver esse carinho, essa demonstração de fraternidade. Mesmo depois de duas décadas desde a morte da minha mãe, ainda me emociono muito ao lembrar dela e vir aqui faz as memórias reviverem. A gente se acostuma à ideia de não tê-la mais conosco, mas a saudade não acaba. O sentimento é o mesmo", disse, com lágrimas nos olhos.

A vendedora Maria Aparecida, 37 anos, também aceitou o abraço. "Hoje em dia, quando se cobra por tudo, é bom ver que tem gente disposta a oferecer algo que faz tão bem sem cobrar nada em troca", disse ela, que foi até o cemitério neste sábado visitar o túmulo da sogra. "É um dia de dor, porque voltar a este local nos faz lembrar do dia do sepultamento, do momento da perda", acrescentou.

De acordo com a empresa Campo da Esperança, responsável pela administração dos seis cemitérios do DF, a expectativa é que, juntos, eles recebam mais de 600 mil pessoas neste Dia de Finados. Ao todo, há 401,3 mil pessoas sepultadas na região.