Jornal Estado de Minas

Beagles recuperados pelo Instituto Royal serão doados

Animais não poderiam mais ser usados por já terem sido submetidos a experiências

Cachorro recuperado passa por exames - Foto: JARDIEL CARVALHO/FRAME/FRAME/ESTADAO CONTEUDO
O diretor científico do Instituto Royal, João Antônio Pegas Henrique, informou ontem que os 178 cães que estavam em testes – e foram levados na madrugada de sexta-feira por cerca de 120 ativistas da causa animal – não podem mais passar por experiências quando forem recuperados. Segundo ele, são animais que estavam recebendo aplicações de antibióticos e pomadas que não foram concluídas. “Eles estavam em testes que nós não conseguimos terminar. Mesmo se forem recuperados, não poderemos começar os testes do zero novamente”, explicou.

A doação dos animais vai ser realizada seguindo normas do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. “Vamos seguir todas as normas do Concea, com todas as normativas de ética e da Lei Arouca, que determina utilização de pesquisas de experimentação animal, para doar os cachorros que estavam em testes”, disse. De acordo com a assessoria de imprensa do Instituto Royal, os animais não representam riscos de contaminação. Mas ainda assim vão passar por exames. Todos os animais levados têm chip, mas os equipamentos não podem rastrear os cães, pois são apenas de identificação laboratorial.
A Polícia Civil tentará recuperar os 178 cães da raça beagle levados por ativistas durante a invasão do Instituto Royal, mas não pretende devolvê-los à instituição. O delegado que dirige a investigação, Marcelo Pontes, disse ontem que os cães de raça eventualmente recuperados serão postos sob a guarda de uma entidade de proteção dos animais “até que se apurem as denúncias de maus-tratos que ocorreriam naquele local”. Do total levado da entidade, apenas duas fêmeas haviam sido encontradas até sábado. Elas estão sob os cuidados do deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB). A advogadele, Viviane Jorge Benini Cabral, assinou termo de fiel depositária.

Amanhã, a polícia começa a ouvir os funcionários do instituto sobre a invasão e depredação do local, onde os cães eram usados como cobaia em testes de remédios. Os depoimentos seriam tomados ontem, mas os empregados não foram localizados porque o Royal ainda não voltou a funcionar. O delegado Marcelo Pontes, que dirige a investigação, disse que a apuração averiguará as denúncias de crime contra os cachorros e também os de furto qualificado e de danos que aconteceram no local. "Houve concurso de agentes e a ação ocorreu no período noturno, o que agrava os crimes", disse.

Depois de ouvir trabalhadores e representantes do instituto, serão intimados para depor os participantes da ação, entre eles os manifestantes que foram à polícia denunciar a suposta crueldade por volta da meia-noite da quinta-feira passada. "Vamos começar por eles, porque já estão identificados aqui, mas todos os que forem apontados como participantes da invasão terão de comparecer à delegacia.” A apresentadora Luísa Mel está entre as que serão indiciadas pela invasão, de acordo com Pontes.

Outros quatro inquéritos abertos na delegacia apuram o tumulto que aconteceu no sábado, durante manifestação e tentativa de nova ocupação do Royal com a participação de mascarados adeptos à tática black bloc. Houve confronto com a Polícia Militar e seis pessoas ficaram feridas. Quatro pessoas foram presas em flagrante.

Investigação

A Câmara dos Deputados pode instalar nos próximos dias uma comissão para investigar denúncias de maus-tratos de animais pelo Instituto Royal, em São Roque. O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) deve apresentar um requerimento pedido a criação de uma comissão externa para acompanhar o caso e debater regras sobre pesquisas. Segundo a assessoria da Câmara, se o pedido de criação da comissão for oficializado, o presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) deve determinar a instalação do grupo.