"O movimento sindical deve ser a massa crítica do desenvolvimento, especialmente na América Latina, onde o crescimento econômico tem sido puxado justamente pelo avanço dos salários, que sustentam o consumo interno", disse Castellano, que é secretário técnico da Coordenação das Centrais Sindicais do Cone Sul (CCSCS) e dirigente nacional da PIT-CNT, a maior central sindical do Uruguai, que representa cerca de 700 mil trabalhadores. "Essa convocação das centrais é diferente das manifestações que tomaram o Brasil em junho. Falamos agora de um movimento organizado, não espontâneo", disse.
Um empresário do ramo têxtil e dirigente de uma associação do setor privado uruguaio afirmou, em condição de anonimato, que a greve geral no Brasil "assusta" todos os empresários dos países vizinhos. "O crescimento econômico está mais lento em todos os países, as condições de competição estão ainda mais acirradas. Não podemos nos dar ao luxo de ter um dia de produção e vendas parado por uma greve geral", afirmou o empresário, que apontou como um risco "grave" a possibilidade de movimentos sindicais como o preparado no Brasil influenciarem protestos semelhantes em outros países.
Durante a reunião do Mercosul, que começa na quinta e termina na sexta-feira em Montevidéu, serão realizados dois fóruns - um empresarial, outro sindical - com objetivo de levantar propostas a serem apresentadas aos presidentes de Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela na sexta-feira. Líderes de associações e sindicatos já participam de reuniões preparatórias na cidade.