A comunicação não exige tecnologia sofisticada. Para que duas equipes médicas entrem em contato, bastam dois computadores com câmeras de alta resolução, microfone e softwares específicos, além de acesso à internet sem fio. Pelo canal, médicos emergencistas e especialistas discutem procedimentos e exames, indicam medicação e cirurgias e até fecham diagnóstico de morte encefálica.
"Pela câmera, nosso colega de São Paulo pode ver o paciente e conversar com ele. Pode ainda acompanhar uma ronda médica pela UTI, já que o sistema funciona em um carrinho portátil. Para quem está distante, como nós, essa é uma chance de integração", diz Alexandre Bichara da Cunha, diretor do Hospital Doutor Platão Araújo, na periferia de Manaus.
Com investimento de R$ 14 milhões, o programa funciona 24 horas, todos os dias da semana. No plantão do Einstein, 280 casos foram atendidos nos últimos 12 meses. O balanço mostra que a opinião de um neurologista é a que tem maior demanda. O déficit explica a procura - segundo censo médico, há apenas 3,2 mil neurologistas no Brasil e a grande maioria está concentrada no Sudeste.
A tecnologia que permite consultas a distância já permite a realização de exames e até avaliações clínicas corriqueiras, como a ausculta cardíaca. Por meio de um software, as batidas do coração podem ser "compartilhadas" pela rede. E tudo pode ser visualizado no tablet ou smartphone com Wi-Fi.
Presidente da Hospitalar - principal feira do setor -, Waleska Santos, diz que o mercado cresce vertiginosamente. "A telemedicina, que hoje é usada para ajudar na confecção de laudos de exames, ainda será a principal arma para aprimorar e humanizar o homecare e reduzir as idas ao hospital", avalia.