A possibilidade de novos prédios em uma região protegida por leis municipais e estaduais de preservação mobilizou moradores do Morumbi. “Acabaram com a mata ao redor do Panamby e queriam agora acabar também com a floresta que restou entre o Pio XII e o Rio Pinheiros”, afirma Sérgio Gottahilf, de 58 anos, presidente da Associação Amigos do Jardim Morumbi.
Os moradores reunidos na entidade levaram à Secretaria Municipal de Habitação mapas, cópias de leis e fotos que mostram a presença de 59 espécies de árvores e de plantas originárias da Mata Atlântica no terreno que pertence às Irmãs Franciscanas. Eles também argumentaram que o trânsito da Rua Colégio Pio XII, uma das poucas vias que dão acesso à Avenida Morumbi, seria “estrangulado” com um novo condomínio de até oito torres.
Gottahilf e advogados que fazem parte da Amigos do Jardim Morumbi também acionaram a Promotoria de Meio Ambiente e apontaram a existência de três cursos d’água no terreno cobiçado pela Cyrela. O caso estava sob análise do promotor Ismael Lutti. O presidente da associação, porém, não acredita que o mercado imobiliário vai desistir de tentar erguer um condomínio na área da mata.
“Ninguém está preocupado com ecologia ou em preservar o que sobrou de área verde aqui no Morumbi. O mercado quer é construir mais prédios. Não acho que a luta para preservar essa mata tenha acabado agora”, diz.
Fora dos quesitos
Procurada pela reportagem, a Cyrela admitiu que seu projeto “não atendeu aos quesitos básicos necessários para a incorporação”. Já a Congregação das Irmãs Franciscanas não quis comentar a parceria com a incorporadora ou se ainda tem interesse em vender a área. A direção do Colégio Pio XII informou, por meio de sua equipe de marketing, que o terreno cedido à Cyrela não atrapalharia o funcionamento do colégio, caso fosse construído um condomínio no local.