“Porque sou mãe solteira e tenho que sustentar minha filha”, justifica uma candidata de 28 anos, da Bahia. Em seu perfil, a mulher se descreve com uma pessoa dinâmica e inteligente, além de especificar que tem miopia. Outra possível doadora usa a foto do filho pequeno para mostrar suas potencialidades e também explica o motivo da venda: “Quero melhorar a minha situação financeira e concluir a obra da minha casa”. De Brasília, um candidato de 22 anos vende o sêmen para estudar. “Eu estou disposto a ser um doador para arrecadar dinheiro para a conclusão da minha licenciatura”, afirma.
As candidatas brasileiras têm entre 20 e 45 anos, perfis variados, sendo que a maioria já tem filhos. São Paulo é a cidade com mais inscritas: 209 mulheres. Em seguida está o Rio de Janeiro com 52, Santa Catarina com 34 e Minas Gerais com 28. Entre os homens o número de candidatos é bem menor e quase todos são de São Paulo.
O Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Minas, William Santos, destaca que esse é um esquema perverso que transforma a reprodução humana em mais uma relação de consumo. “Isso é consequência da globalização: essa prática visa o lucro e esquece o ser humano”, afirma. O advogado destaca, ainda, o perigo que essas pessoas estão correndo: “Ela não sabe quem vai atendê-la, quem fará os procedimentos médicos e arrisca a própria vida em função de um sonho que pode gerar frustração depois”, diz.
Segundo William Santos, os brasileiros que viajam para países onde a venda é legal não podem ser punidos, uma vez que a lei nacional não os alcança nessas situações. Entretanto, ele assinala a necessidade de o Ministério Público analisar iniciativas como esse site que podem induzir os brasileiros.