Os motores turbinados, porém, representam a customização mais perigosa. Por cerca de R$ 6 mil, empresas "preparadoras" vendem kits de peças capazes de triplicar a potência. "É uma alteração que nasceu para suprir a vontade de colecionadores, mas, infelizmente, pode virar incentivo ao crime", alerta o capitão Sérgio Marques, porta-voz da Polícia Militar. Segundo ele, é comum flagrar assaltantes usando carros tunados para fugir em alta velocidade.
Dono de um Gol GTS 1987 com 300 cavalos a mais do que o original P.R., de 26 anos, gastou R$ 30 mil para turbiná-lo. Dispensou, no entanto, as adaptações necessárias no freio - um risco para ele e os demais motoristas. "É como dirigir uma cadeira elétrica. Acelera tudo, mas nunca sabe se vai parar." O veículo chega a 240 km/h.
Mais velozes, os veículos viram máquinas poderosas em competições ou em fugas. P.R. é adepto de rachas, que costuma praticar na Avenida Jacu-Pêssego, na zona leste, na Ricardo Jafet, na sul, e na Rodovia Ayrton Senna. "Todo mundo que faz corrida prefere sair guinchado a levar 'bucha' (perder a competição)", explica ele, que se gaba de travar disputas com Camaros e Mustangs. Neste ano, a PM interrompeu 40 rachas no Estado.
Riscos. Mudanças em carros implicam outros perigos. Na Rua Barão de Limeira, rebaixar carroceria custa R$ 100. A solução é cortar as molas, "deixando o carro na altura que quiser", explicou o atendente de uma oficina. Há alterações menos agressivas em lojas da Avenida Duque de Caxias, como mudar a cor do carro por R$ 3 mil e instalar películas 100% escurecidas por R$ 100. "Em caso de sequestro relâmpago, a vítima pode ficar horas no poder de criminosos, sem que ninguém saiba o que acontece", alerta o capitão Marques.