Jornal Estado de Minas

Polícia Rodoviária Federal entra em greve nos três estados da Região Sul

AFP
Os servidores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dos três estados da Região Sul aprovaram a adesão à greve nacional da categoria. A paralisação começou na última quinta-feira (16) no Rio Grande do Sul e nessa segunda (20) em Santa Catarina. No Paraná, a adesão à greve está marcada para quinta-feira (23).
A greve nacional por tempo indeterminado é a primeira em toda a história da PRF, criada em 1928. Até o final desta semana, segundo a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), 21 dos 24 sindicatos devem aderir ao movimento. Na manhã de quinta-feira (23), representantes da FenaPRF terão uma reunião com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça.

A greve só não começou no Paraná porque a categoria ainda aguarda o prazo de 72 horas desde a comunicação oficial sobre a deflagração do movimento, protocolada ontem na superintendência estadual do órgão.

"A partir desta quinta-feira, só iremos atender aos acidentes com vítima ou que estejam afetando o tráfego", disse Ismael de Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Paraná (SinPRF-PR), em entrevista à Agência Brasil. "Todas as demais atividades da PRF serão reduzidas, inclusive as de fiscalização das rodovias."

A categoria reivindica reajuste salarial, ampliação do efetivo, reconhecimento do nível superior para o cargo de policial, pagamento de adicional noturno e insalubridade, além de reestruturação da carreira.

Detentores de cargos de chefia da PRF entregaram nos últimos dias seus cargos em apoio ao movimento. A entrega ocorreu no Distrito Federal e em pelo menos seis estados: Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, e Goiás.

"Esse gesto é uma demonstração da insatisfação generalizada da categoria e deixa o governo sem saída, sem ter como pressionar os servidores", disse à Agência Brasil o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Rio Grande do Sul (SinPRF-RS), Francisco Dalla Valle Von Kossel. "Nossa greve é diferente, não está reduzindo o efetivo. A orientação é para os policiais não saírem de seus postos, a não ser em casos de acidentes graves ou de crimes em flagrante."

De acordo com o SinPRF-RS, seis postos de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal foram fechados no Rio Grande do Sul por falta de efetivo.

Impedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) de realizar operação-padrão nas rodovias, os policiais reclamam que estão há mais de dois anos negociando com o governo federal, sem sucesso.

"O governo está judicializando o direito democrático de manifestação. O que buscamos é legítimo, não temos nem a garantia de data-base que existe para as empresas privadas", critica Oliveira. "A decisão do STJ não fez o movimento perder força, pelo contrário. Enquanto o governo enrola e não apresenta nada de concreto, a greve tende a crescer", disse Von Kossel.