De acordo com uma fonte ligada ao sistema penitenciário que não quis ser identificada, a greve torna a possibilidade de fugas das cadeias públicas muito grande. Nos dois últimos dias, por exemplo, o sistema registrou a fuga de três detentos da Penitenciária de Alcaçuz e duas tentativas nos Centros de Detenção Provisória (CDPs) da Ribeira e da Zona Norte. "Estamosmuito preocupados com a possibilidade de fuga. Os presos já sabem da paralisação e já começaram a se articular, basta ver as tentativas de fuga de ontem", afirmou a fonte.
Segundo o juiz de execuções penais da comarca de Natal e corregedor da Penitenciária de Alcaçuz, Henrique Baltazar Santos, o problema pode tornar-se ainda maior com a greve dos agentes. "Os presos vão terminar de destruir os presídios. O que é ruim pode ficar ainda pior, caso aconteça um motim. O governo diz que não pode gastar agora, mas lá na frente vai gastar mais para recuperar o patrimônio público destruído", declarou o juiz.
A falta de vontade do governo, segundo ele, preocupa os envolvidos diretos com o sistema prisional. "Acompanho tudo isso muito preocupado e lamentando. O governo não está aberto para um diálogo que possa resolver a situação, vejo um desinteresse do Estado em resolver o problema", pontuou Henrique. O magistrado ainda relembrou a situação do Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, que está com a parte de suascelas destruídas, após uma pane na rede elétrica da unidade, que impossibilitava a permanência dos apenados nas celas devido a alta temperatura do local, potencializada pela superlotação do presídio que hoje conta com mais de 400 presos. A reforma da rede elétrica, iniciada a mais de uma semana e com promessa de entrega para o fim de semana passado, ainda não foi finalizada e continua sem perspectiva de quando será entregue, deixando os apenados circulando livremente pelos corredores e pelo pátio da unidade prisional.