O texto, que reunirá assinaturas de pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), Estadual de Campinas (Unicamp) e de instituições de ensino do Rio de Janeiro, será apresentado no fim deste mês, em Nova York, numa das reuniões preparatórias para a Rio%2b20 e, em seguida, num fórum de ex-ministros de Meio Ambiente brasileiros. “Ainda que o assunto não entre na conferência como negociação, ele precisa ser dito. A Rio%2b20 trará uma visão mais oficial de governos e da ONU sobre os temas. Os documentos são sempre mínimos denominadores comuns. Por isso, a comunidade científica e ambiental vai circular o documento na opinião pública com outra visão, enfrentando o problema ambiental de frente”, acrescentou.
A abrangência do tema central da Rio%2b20 – “Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza” – também foi criticada por cientistas. Para o professor dos programas de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI/USP) e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), há nos bastidores da conferência “a sensação de que a Rio%2b20 é a montanha que vai parir um rato”. Autor da palestra O valor dos serviços ecossistêmicos, ele apontou falhas na elaboração do documento que vai nortear o evento, como a importância dada ao Produto Interno Bruto (PIB) no debate. “O documento reconhece o PIB como ‘métrica do bem-estar’, ignorando a importância de conclusões de relatórios e conferências anteriores, segundo as quais as medidas de qualidade de vida devem ser mais complexas”, declarou.
PRÉVIAS
O seminário organizado pela Fapesp apresenta uma prévia das discussões que devem nortear a Rio%2b20. Nas palestras em São Paulo, pesquisadores, embaixadores e representantes de organizações internacionais debatem, nesta semana, temas como clima, biodiversidade e energia e apresentam trabalhos desenvolvidos nas universidades brasileiras relacionados aos tópicos da Rio%2b20. Ao fim do encontro, será redigido um documento com o parecer geral dos cientistas sobre a conferência.
A Rio%2b20 marca os 20 anos da Rio 92, ou Eco 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced), ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992, e o 10º aniversário da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (WSSD), realizada em Johanesburgo (África do Sul), em 2002. A reunião de cúpula da conferência, que deve reunir cerca de 100 chefes de Estado, está marcada para o período de 20 a 22 de junho. Mas, a partir do dia 13 do mesmo mês, a Rio%2b20 terá reuniões dos comitês preparatórios e centenas de eventos da sociedade civil como parte da programação oficial na capital fluminense. A expectativa é de que o encontro resulte em um documento político focado nos novos desafios que se impõem a todos os países não só na área ambiental, mas também em um modelo de desenvolvimento econômico mais eficiente e sustentável, na diminuição das desigualdades sociais, na busca por justiça social e na equidade do direito à água, aos alimentos e à qualidade de vida.