A testemunha ouvida pelo Correio garantiu que os bandidos aparentavam ter entre 18 e 20 anos e, após atravessarem duas pistas, escaparam em direção a vários prédios do local. “Um deles usava moletom e os outros estavam bem vestidos. Não são moradores de rua. Eles foram lá para fazer a maldade e matar mesmo. Depois, fugiram tranquilamente”, detalhou.
José Edson e Paulo Cezar correram na direção contrária dos criminosos e pediram ajuda. “Eles gritavam: ‘Tá pegando fogo, tá pegando fogo’ e se debatiam no chão.
Os vizinhos apagaram as chamas, principalmente as das costas do Paulo”, explicou Flávio. Logo depois de apagar as chamas, os moradores acionaram socorro. “Pensei até que não fosse tão grave, pois, na hora, eles só estavam com os corpos muito vermelhos”, acrescentou.
Medo
Com medo de retaliações, a testemunha ouvida pela reportagem teme que os criminosos, ainda em liberdade, voltem ao local e repitam a barbárie. “Foi uma cena muito feia. A gente fica com medo. É muita crueldade. A minha intenção era só salvá-los. Por mais que sejam usuários de crack, não faziam o mal para ninguém.” Paulo Cezar ficava nas proximidades da QR 118 com frequência e era conhecido dos moradores. “Ele é chamado de Shaolin e estava sempre por aqui, mas nunca fez mal para alguém. Se não querem ajudar, não precisam fazer essa maldade”, ressaltou Flávio.
Na tarde da última terça-feira, José Edson foi enterrado no cemitério de Padre Bernardo (GO). Segundo os familiares, ele saiu de casa aos 12 anos por causa do vício em drogas. Paulo Cezar continua em estado grave (leia mais ao lado). A 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria) investiga o caso e busca pelos autores do crime. O delegado-chefe da unidade, Guilherme Nogueira, preferiu não dar entrevista para não atrapalhar o andamento das investigações. Ele só deve se pronunciar quando o inquérito estiver concluído. Pelo menos três suspeitos foram ouvidos, mas, até agora, ninguém foi preso.
* Nome fictício a pedido do entrevistado.