O diretor do Observatório Urbano da Uerj afirma que o episódio pode abrir espaço para o mundo questionar a qualidade das construções e instalações brasileiras. Somado ao desabamento dos três prédios, o Rio de Janeiro acumulou no ano passado um histórico ruim, que incluiu sequência de explosões em bueiros e em um restaurante, nas imediações da tragédia deste ano, por causa de um vazamento de gás. “A prefeitura deveria, da mesma forma que fez com os bueiros, criar uma equipe, em parceria com o conselho de Engenharia, para vistoriar cada um dos prédios mais antigos, porque eles foram construídos em uma outra realidade da cidade. Essa vistoria deveria ser feita pelo menos na parte histórica. São muito mais bueiros do que prédios.”
De acordo com o especialista, em Nova Iorque (Estados Unidos), a prefeitura tem uma rígida política de vistoria de instalações. De cinco em cinco anos, um pente-fino é passado em todos os imóveis. Honorato afirma que os problemas estruturais das nossas cidades têm mais de 200 anos, e que dificilmente o Brasil conseguirá corrigir esse histórico de má gestão nos próximos dois anos, a tempo da Copa do Mundo. Além dos problemas de falta de fiscalização das edificações, o sociólogo aponta a deficiência de transporte e rede de atendimento médico como preocupações imediatas para que o país não passe vergonha ao receber turistas durante a realização de jogos internacionais. “Esses eventos têm que ser oportunidades para grandes intervenções urbanas, para a resolução de grandes problemas da cidade. Há problemas históricos, como transporte e a circulação de pessoas. A cidade já vive um colapso, mas a gente se acostuma ao colapso. É impensável no mundo contemporâneo levar duas horas da sua casa ao local de trabalho.”