O cirurgião plástico Marcelo Mariano, que fez em Brasília a troca de implantes PIP em duas pacientes devido à ruptura, descarta que a incidência de câncer seja maior naquelas que tenham próteses da empresa. “O silicone arrebentado a longo prazo pode causar problemas, seja de qual marca for”, alerta. Ele conta que sua clínica fez uma relação de todas as mulheres que haviam colocado implantes da PIP e contatou as 85 pacientes para exames.
O médico não considera que o número de rupturas seja excessivo e aconselha que as portadoras de próteses façam seus exames regularmente e somente troquem os implantes em caso de necessidade. “Quem está com a prótese íntegra não tem com o que se preocupar”, afirma.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Sebastião Nelson Edy Guerra, recomenda que os médicos associados reportem à entidade qualquer problema com a prótese. Ele criticou a Anvisa pela demora em agir, mas afirmou que não há motivo para pânico. “Achamos que a Anvisa demorou muito para tomar providências. A princípio, não é preciso fazer a troca da prótese, mas vale a pena procurar um médico para fazer uma avaliação”, disse.
A servidora pública Aline Costa Almeida Araújo, de 34 anos, conta ter ficado em alerta quando soube das recomendações do governo francês. Ela planejou uma visita a sua médica para fazer uma avaliação. “Fiquei mais tranquila quando liguei para o fabricante porque soube que a marca da minha prótese é diferente da PIP”, relata Aline.
Fabricante
A Anvisa informou que a comercialização das próteses PIP estão suspensas desde abril do ano passado, quando o governo francês fechou a fábrica e que, agora, cancelou o registro das próteses e determinar o recolhimento das cerca de 10 mil que ainda estão sob a guarda do importador brasileiro.
O que fazer
Procure informar-se sobre a marca da sua prótese de silicone com o seu médico ou o fornecedor. Se o produto for da Poly Implants Prothese (PIP), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) aconselha uma avaliação clínica devido à maior frequência de rompimento e de reações inflamatórias. Os casos mais urgentes são aqueles em que a paciente sente incômodo na região do implante.
Para aquelas pessoas que tiverem de realizar nova operação para a troca da prótese, os órgãos de defesa do consumidor informam que os gastos devem ser assumidos pelo responsável pelo produto. Como a fabricante da PIP fechou no ano passado, a importadora do produto, European Medical Instruments (EMI Importação e Representação), deve arcar com os custos. É preciso recorrer ao Procon ou acionar a Justiça.
Nos casos gerais, a recomendação é não faltar aos exames periódicos, que devem ser feitos ao menos uma vez por ano. As rupturas de próteses, na maioria das vezes, não apresentam sintomas e podem ser detectadas em exame clínico. Por isso, a importância de um acompanhamento médico regular.