Jornal Estado de Minas

Empresas contratam em favela pacificada

Agência Estado
Quando deixou a Cidade de Deus, na zona oeste do Rio, por causa de uma enchente, Maria José Correa, 41, não imaginava que voltaria à favela 17 anos depois por causa de uma oportunidade de trabalho. Diferentemente do tempo em que uma das raras saídas para se manter era entrar para o tráfico, como conta, hoje a pacificação da comunidade está abrindo novas perspectivas. Com receio de que a falta de emprego nas favelas cariocas pacificadas ponha em risco os resultados obtidos pelas ações das forças de segurança do Rio, o governo do Estado está firmando parcerias com empresas dispostas a subir o morro, treinar a população e contratar. Esse tipo de iniciativa é vista como uma forma de inserir no mercado de trabalho pessoas pouco capacitadas, que dificilmente conseguiriam um emprego por conta própria. "A preocupação do governo é com aquele grupo que ficou desempregado. Se não dermos oportunidades, isso pode atrapalhar o processo de pacificação", diz a presidente da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Rio (Codin), Conceição Ribeiro, que está em busca de empresas interessadas em recrutar nas comunidades que receberam Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). A primeira parceria foi fechada com a Nestlé, que levou uma equipe à Cidade de Deus para ensinar técnicas de vendas. No fim da capacitação, na semana passada, a empresa abriu inscrições para os interessados em vender sorvetes e outros produtos na comunidade. Maria José, uma das cerca de 70 pessoas que fizeram o curso, estava lá para se cadastrar. Para driblar a falta de qualificação, porém, é necessário investir em treinamento. Em parceria com o Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio) já recebeu cerca de 600 currículos em balcões instalados em oito comunidades pacificadas, desde junho do ano passado. Desse total, 400 moradores foram encaminhados para entrevistas.