Durante o depoimento de mais de duas horas, o coronel disse também que desconhecia qualquer intenção de seus subordinados de executar a magistrada, morta com 21 tiros ao chegar em casa, em um condomínio em Niterói. Patrícia Acioli atuava na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e era conhecida pelo rigor com que julgava crimes envolvendo policiais. Segundo a Delegacia de Homicídios, as decisões da juíza prejudicavam negócios ilícitos da quadrilha que agia no Batalhão de São Gonçalo, à época comandado por Cláudio Luiz.
Primeiro dos oito acusados a ser ouvido hoje, o coronel falou a existência do chamado espólio de guerra na PM. No entanto, garantiu que não tomou conhecimento desse crime durante o período em que comandou o Batalhão de São Gonçalo. "O espólio de guerra é um prática comum em batalhões, mas quando chega ao conhecimento do comando ele tem que tomar as devidas providências."
Ao final do interrogatório, o advogado do coronel, Manuel de Jesus, falou sobre depoimento do cabo Jeferson de Araújo. Ao depor ontem (17), Araújo não confirmou a participação do Cláudio Luiz na execução. Quando foi ouvido pela Delegacia de Homicídios, o cabo disse, em troca dos benefícios da delação premiada, que o coronel era o mentor do crime.
Para Manuel Jesus, o depoimento do cabo na audiência de ontem pode beneficiar Cláudio Luiz. "Cria-se uma situação de dúvida . Afinal de contas, ele declarou que teria ouvido afirmações de Benitez sobre condutas do coronel A partir disso, essas afirmativas, deixaram de existir.”
Em depoimento à Justiça, Araújo disse que foi coagido a mentir sob pena de ser transferido para os presídios de Bangu 1 ou de Catanduvas (PR). Já o tenente Daniel Benitez, que esteve na audiência ontem, preferiu o silêncio.
O advogado Técio Lins e Silva, assistente de acusação no caso, classificou o depoimento do coronel como "rizível' e "não convincente". Sobre as declarações de Jeferson, Técio disse que o fato dele voltar atrás é "um deboche da própria Justiça". Já em relação ao silêncio de Benitez, destacou: "Quem cala, consente".