Costureira e modista de mão cheia, Maria Aparecida Vasconcellos, mãe de Dina, recebia encomendas nas cidades de Uberaba, Lavras e também na capital. Além de trabalhar para fora, criava modelos para a família desfilar nas missas de domingo e nos dias de festa, Páscoa, Natal, réveillon. “As vizinhas chegavam à janela para nos ver descer a rua de roupa nova. Na época, havia pouquíssimas confecções e multimarcas, mesmo nas cidades grandes. ”
Singer no Brasil Dina acabou seguindo a profissão de costureira, mas as lembranças de avós e mães costurando em uma Singer é quase unânime entre mulheres de outras áreas, faz parte da história de muitas gerações e famílias brasileiras. A marca está entre as mais populares do mundo desde o século 19. Prova o registro da primeira patente de Isaac Merrit Singer, em 1851. Muitos até creditam a ele a invenção da máquina de costura, mas não. “Ele desenvolveu o primeiro modelo prático”, registra Fabio Massaru Narahara, gerente de marketing da Singer na América Latina.
Em todo o mundo e também no Brasil, logo a máquina de costura causou revolução em um contexto social restritivo para mulheres. “Nessa época, elas ainda eram extremamente dependentes de seus pais ou maridos, trabalhar fora não era bem-visto. A máquina de costura chegou justo para representar um passo na direção da autonomia feminina”, lembra o executivo.
Sete anos depois da fundação da fábrica, Isaac Singer iniciou o processo de internacionalização da marca. Por aqui, a licença de funcionamento foi assinada pela princesa Isabel, ainda durante o Brasil colônia. No entanto, mesmo entre a população menos abastada, o produto teve saída. “Nós lançamos a compra a crédito, atingindo todas as classes sociais. Em pouco tempo, a máquina de costura passou a ser item obrigatório da lista de presentes das noivas, e, dali era conservada pelo resto da vida.”
O gerente de marketing revela que a Singer mantém duas fábricas de máquinas de costura, uma em Xangai (China) e a outra em Juazeiro do Norte, no Ceará. Também uma fábrica de agulhas para máquina de costura está localizada no Brasil, em Indaiatuba, São Paulo. “Somos a única empresa do segmento com fábricas no país. Enxergamos a América Latina, e principalmente o Brasil, como regiões de destaque”, afirma.
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Atividade econômica
Narahara conta um caso sobre a influência da Singer na atividade econômica de cidades. O exemplo vem de Ibitinga, Minas Gerais. Há décadas, Gotardo Juliani, representante Singer, descobriu a preferência das bordadeiras locais pela máquina “cabeça preta”, modelo 15C. Questionadas, as costureiras justificaram a escolha pelo fato de o modelo permitir uma adaptação manual, uma “gambiarra”. A partir dela, o ponto cheio atingia cerca de 1cm. Pois o representante buscou técnicos para solucionar o problema ainda na fábrica. A reforma no modelo facilitou a vida das costureiras e teve reflexo direto no desenvolvimento da indústria do bordado local, até hoje a atividade econômica mais importante da cidade.
Ele reforça que desde a origem da comercialização da máquina no país aos dias atuais, a Singer vem atuando no desenvolvimento da indústria da moda brasileira. Tanto que a marca mantém parcerias com diversas instituições de ensino com a instalação de oficinas utilizadas para aulas de costura, além de outras iniciativas para capacitação de mão de obra. Também a costura doméstica, segmento que ganhou status de hobby, recebe atenção da empresa. “Uma prova disso é o aumento crescente de busca sobre dicas de costura em diversos meios”, destaca Narahara. Traduzindo, a Singer está nas redes sociais. Com 160 anos de história, atualiza quase diariamente um blog, páginas do Facebook e Twiter. Pudera: a fábrica comercializa 60 diferentes modelos de máquinas de costura doméstica e quase uma centena de modelos de máquinas de costura industriais para mais de 155 países. No mundo todo, é instrumento de trabalho e hobby, “amiga e companheira”, como diz a costureira Dina.