Segundo a delegada Sheila Freitas, da Divisão de Combate ao Crime Organizado do Rio Grande do Norte, mais de uma quadrilha atua ao mesmo tempo, mas alguns integrantes participam de vários grupos. Um exemplo disso foi o arrombamento que aconteceu em agosto do ano passado no caixa da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, quando os bandidos usaram um carro roubado na Paraíba. "Tempos depois, na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco, foram presos quatro suspeitos de atacarem o caixa da federação das indústrias. Eles foram acusados de atuar na Paraíba". A maior prova da articulação das quadrilhas é que em algumas ocasiões as ações aconteceram ao mesmo tempo na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte.
Os grupos que atuam no Nordeste são, diz a polícia, especializados em assaltos ao comércio. Eles perceberam as facilidades em explodir bancos ou arrombá-los. "Qualquer serralharia tem maçarico e a ação é relativamente fácil. Além disso, aproveitam a ausência de testemunhas durante a madrugada e de câmeras para agir", explicou José Cláudio Nogueira, de Pernambuco. E não é só o maçarico que está acessível. Os explosivos, que só deveriam ser repassados para pessoas autorizadas pelo Exército, são vendidos ilegalmente.
No dia 10, foram presas três pessoas e apreendidas quase cinco toneladas de explosivos em Carnaúba dos Dantas, no Rio Grande do Norte, área de mineração na fronteira com a Paraíba. "Investimos no trabalho de inteligência, mas há falhas nos bancos, que não têm estrutura de segurança", critica a delegada Sheila Freitas. Para ela, a redução de casos no estado tem relação com a prisão de seis pessoas e a morte de dois suspeitos em troca de tiros com a polícia. Um dos mortos, Sueldo Lopes Guimarães, 52, apontado como líder do bando, tinha mandado de prisão na Paraíba, no Rio Grande do Norte e em Pernambuco. Nas últimas investidas, os bandidos usaram mais um instrumento para dificultar as buscas policiais: espalham grampos de ferro na estrada para estourar os pneus das viaturas. Foi em Vicência, Pernambuco, semana passada.
Com um caso a menos que Pernambuco, a Paraíba amarga 12 investidas em caixas eletrônicos neste ano. Ao mesmo tempo, foi um dos estados que prendeu mais suspeitos de cometer o crime: ao todo, 18. Segundo o delegado Jean Nunes, outros já estão indentificados. ´Nosso principal problema é que os bancos não querem investir em segurança. Dizem que o investimento é alto e tem que ser feito a longo prazo`, diz. Muitas instituições, afirma, nem sequer informam os roubos, o que dificulta a investigação.