Jornal Estado de Minas

Pais ainda lutam pela inclusão pedagógica

Fotos: Jair Amaral/EM/D.A Press
Grupo de alunas de dança do ventre da Escola Sabah
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A aposentada Zilda de Paula Correa, de 64 anos, lamenta a descrença das pessoas em relação à capacidade dos portadores de síndrome de Down. Ela não só confia na filha Bruna de Paula, de 21, como se orgulha das conquistas da jovem, que, com outras seis meninas, integra um grupo de dança do ventre da Escola Sabah. Na semana passada, elas se apresentaram durante o seminário Saúde do trabalho: conhecer e planejar para atuar, ocorrido em Belo Horizonte. “É uma realização vê-las dançando. É um exemplo de superação.”
Com roupas de odaliscas, as meninas fazem os passos, que exigem muita concentração e disciplina para serem realizados. Bruna está na 9ª série, estuda inglês, espanhol e informática, além de fazer parte do grupo de dança. “Os portadores de síndrome de Down podem se desenvolver intelectualmente. Muitos saem sozinhos, trabalham; enfim, vivem uma vida normal”, diz.

Isabela e Carolina sabem da importância da atividade em suas vidas
Enquanto as meninas se apresentavam, as mães não continham o orgulho na platéia, demonstrando como as famílias são importantes para que os portadores de síndrome de Down sejam incluídos. “Quando entrei na dança foi muita alegria e uma grande emoção. Quando nos apresentamos pela primeira vez e ouvimos as pessoas dizendo que queriam mais, pensei: “Conseguimos’”, conta Carolina Augusta, de 27.

As meninas têm consciência da importância da dança em suas vidas. “A dança é muito importante para nós. Melhorei muito a minha postura”, avalia Bruna. As meninas se orgulham do tempo que já fazem dança do ventre: Bruna, há dois anos; Carolina, há 10. Independentemente do tempo praticando, todas concordam que os movimentos da barriga são os mais difíceis.

Se algumas pessoas podem olhar para os portadores de deficiência com ressalvas quanto às suas capacidades, eles não têm dúvidas nem medo de sonhar e projetar planos. Bruna pretende ser dentista e chefe de cozinha. O sonho de Lorena Durval Moreira, de 26, é se formar em informática. Carolina deseja ser modelo e manequim. “Faço macarronada, salada e estrogonofe”, diz Bruna. As meninas não têm medo dos desafios, mas um dos piores obstáculos que precisam superar diariamente é o preconceito. “Detesto que a pessoa pense que a gente é um doente, que não iremos conquistar nada na vida”, diz Bruna.

Como qualquer outra jovem, Lorena se preparou para ir ao show da dupla Sandy e Júnior. No entanto, um comentário quase atrapalha o programa. “Uma menina me disse que eu era doente”, conta. Para Carolina, as pessoas precisam ter respeito pelos portadores da síndrome. “Alguns colegas falam que a gente é doente, que sou feia e gorda”, diz Bruna. A menina confessa que faz regime, mas o que fazer diante do preconceito das pessoas? Para superar o preconceito, exemplos de vida como os da menina na dança ou como os jovens aprovados no vestibular.

EXAMES

A ultra-sonografia e a amniocentese são exames realizados no período da gravidez para detectar se a criança é portadora da síndrome. A partir da ultra-sonografia, o médico consegue saber o tamanho do feto, bem como a medida das pernas, braços e sua movimentação. No caso da síndrome de Down, a confirmação é feita a partir da análise dos cromossomos do feto, que pode ser obtida pela amniocentese.

Uma pequena quantidade de líquido que envolve o bebê no útero é retirado e analisado para verificar a presença ou não da trissomia 21 ou síndrome de Down. Características como olhos com linha ascendente, nariz pequeno, rosto redondo, baixa estatura, mãos pequenas e dedos curtos podem ser indicativos. A partir desses sinais, é possível o médico levantar a hipótese de que o bebê tenha síndrome de Down, e, em seguida, pedir o exame do cariótipo (estudo de cromossomos) que confirma ou não o diagnóstico.

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