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Estado de Minas

Desafios na sala de aula


postado em 14/12/2008 09:38 / atualizado em 08/01/2010 03:56

A falta de interesse nas aulas, reflexo de um currículo divorciado da realidade, é um dos principais motivos para o abandono e a evasão nos estabelecimentos de ensino público do país. Experiências diversas são testadas e aplicadas em busca de uma mudança de cenário. Na Escola Estadual Afrânio de Melo Franco, no Bairro Santa Mônica, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, cerca de 40% dos estudantes do primeiro ano do ensino médio abandonam o colégio ou não se matriculam no ano seguinte. As turmas começam com 40 alunos e terminam com 15. Para a vice-diretora Adriana Maria Cardoso, a motivação é a grande vilã nesses casos: “O currículo não condiz com a realidade. O aluno aprende coisas das quais nunca vai precisar. Deveríamos trabalhar dentro da realidade e em assuntos essenciais para eles”, diz.

Este ano, a escola inovou e ofereceu seis cursos de informática em horários extraclasse para aproximar os estudantes da sala de aula. A partir de 2009, dois deles vão entrar obrigatoriamente no currículo. “Se há algo que os interessa, eles respeitam e freqüentam as aulas. Caso contrário, é um desastre. Por mais que tenhamos aulas diversificadas para puxar o interesse e despertar a atenção, se eles percebem que se trata de algo sem aplicação na vida deles, não se sentem motivados”, relata Adriana.

A estudante Kleidiane Gomes Ribeiro, de 21 anos, gostaria de poder interferir mais na realidade e na formação acadêmica. Ela adora as formas geométricas da matemática e se identifica com a química por causa dos componentes do dia-a-dia usados em casa. Mas a matéria que mais a marcou foi a sociologia. “Na escola pública, o ensino deveria se voltar para o meio social no qual estamos, com o nosso cotidiano e com um vocabulário que nos atinja. No Afrânio (de Melo Franco), há muitas pessoas carentes e poucas vão fazer o vestibular, por isso, as disciplinas que aprendemos não fazem sentido para a maioria.”

Em outro ponto da capital, na Escola Estadual Maurício Murgel, no Bairro Nova Suíça, na Região Oeste, a diversidade também é um fator importante. Por causa da localização, na Avenida Amazonas, a instituição recebe alunos de vários bairros e de cidades da região metropolitana. Mas um problema preocupava os funcionários: a freqüência cada vez menor. A solução para atrair os alunos foi aproximar, o máximo possível, os estudos da vontade e da necessidade deles. Quem termina o primeiro ano com média superior a 70% pode escolher entre as áreas de humanas e exatas, o que significa estudar mais geografia e história ou química e física, respectivamente. Os alunos que não têm nota suficiente são encaminhados para uma das opções pela própria escola, com o objetivo de eliminar problemas de aprendizado. “Oportunidades atraem o aluno e o fazem valorizar a escola”, afirma a diretora Sônia Marinho Amaral de Resende.

A estudante Karinne das Graças Rocha, de 17, estuda numa sala em que a área de exatas é prioridade. Com mais aulas de matemática, ela se saiu bem ao longo do ano letivo. “Foi bem melhor, pois consegui me desenvolver. É um bom incentivo e ajuda bastante quem vai tentar vestibular”, diz. A colega dela Fernanda Santos de Souza, de 21, optou por ciências humanas. Para ela, a oportunidade deve ser medida: “É uma boa para quem vai prestar vestibular, porque pode reforçar as matérias em que se sai melhor ou pior. Quem não sabe o que vai fazer ou não quer entrar na universidade e tem dificuldade em uma e outra área fica prejudicado, pois não pode balancear os conhecimentos”, avalia. Aline Vilaça São José, de 16, tem a mesma opinião: “Muitas pessoas esquecem que a aprovação não depende apenas das matérias da área”.


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