O casal é um dos 32 mil adultos brasileiros que vivem nas ruas, de acordo com levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome em 23 capitais e 48 cidades com mais de 300 mil habitantes. A pesquisa foi feita para subsidiar o trabalho do grupo interministerial coordenado pelo MDS, que elaborou o projeto de uma política nacional de assistência ao morador de rua. O texto encontra-se no site do ministério, para consulta pública.
Perfil
De acordo com a pesquisa, a população de rua não é composta por mendigos. Apenas 16% sobrevivem de donativos. Cinqüenta e nove por cento têm profissão, embora 48% nunca tenham tido carteira de trabalho assinada. “Para atender essa população, que se encontra em extrema vulnerabilidade, é necessário um conjunto de ações em várias áreas, como assistência social, saúde e trabalho”, diz Solange Martins, coordenadora-geral da Proteção Social Especial do MDS.
O jornalista Alderon Costa, coordenador da Associação Rede Rua, afirma que os números sobre a população de rua são incertos. Somente em São Paulo, a estimativa é de 15 mil pessoas, sendo que, em 1990, não passavam de 3 mil. Alderon conta que o perfil do morador de rua está mudando. “O que temos visto são famílias inteiras indo morar na rua. Uma coisa que não ocorria com tanta freqüência cinco anos atrás”, afirma. Para ele, as políticas devem ser preventivas, e não apenas de assistência. “Depois que a pessoa cai na rua, é muito difícil tirá-la. Se houvesse uma medida preventiva, o Estado economizaria, as pessoas não sofreriam tanto e a cidade não teria o incômodo de tentar criar políticas higienistas que tiram os moradores de rua à força, como vem ocorrendo no centro de São Paulo”, critica. (PO)