Jornal Estado de Minas

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Imagem de explosão não mostra Israel sob ataque, mas bombardeio israelense contra Gaza em 2014


 

Uma foto em que uma grande nuvem de fumaça paira sobre um horizonte de prédios foi compartilhada mais de 5 mil vezes em redes sociais desde o último dia 11 de maio como se retratasse um ataque de grupos armados palestinos, na Faixa de Gaza, contra Israel. Um confronto entre estas duas forças realmente provocou graves danos a ambos os territórios em maio de 2021, mas a imagem viralizada não mostra esse cenário. A foto é, na verdade, de um ataque de Israel contra Gaza, em julho de 2014.





“Israel debaixo de forte ataque vindo de Gaza. Foram mais de 600 foguetes lançados contra Israel. Há alguns civis feridos e mortos #Oremos”, diz o texto que acompanha a imagem em publicações no Facebook (1, 2, 3) e Instagram (1, 2, 3).

A foto circula no momento em que confrontos entre Israel e Gaza deixaram ao menos 53 palestinos e sete israelenses mortos. O registro não mostra, no entanto, um dos ataques de maio de 2021, ou mesmo danos ao Estado hebreu. 

Uma busca reversa pela imagem no Google mostra que ela foi feita em 29 de julho de 2014 pelo fotógrafo Mohammed Saber, para a European Pressphoto Agency (EPA). No banco de imagens da agência é informado que a foto mostra ataques israelenses contra Gaza, e não o contrário.



“Fumaça emana do bairro de Tuffah após ataques aéreos israelenses no leste da Cidade de Gaza em 29 de julho de 2014. A violência aumentou durante a noite, à medida que Israel renovou intensos ataques aéreos contra Gaza em resposta a uma torrente de foguetes palestinos, após o fracasso de uma tentativa de trégua não oficial”, detalha a legenda. 

Fotos semelhantes foram feitas em 29 de julho de 2014 pelas principais agências de notícia internacionais, como AFP, Reuters e AP. Todas destacaram que as imagens mostram um ataque à Gaza, não a Israel.

Em relatório publicado em 30 de julho de 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou que “pesados bombardeios israelenses” haviam sido registrados no dia anterior em Gaza, resultando na morte de dezenas de civis e na destruição da única usina de energia elétrica da região.



Um dia antes dos ataques, em 28 de julho de 2014, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu que a população israelense se preparasse para uma “longa campanha” na Faixa de Gaza.

No início de julho daquele ano, Israel havia lançado a ofensiva militar “Barreira Protetora” destinada a acabar com disparos de foguetes contra seu território e enfraquecer a capacidade militar do movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, enclave palestino.

Confrontos em 2021


Israelenses e palestinos vivem um novo conflito em maio deste ano, após manifestações a favor de famílias palestinas ameaçadas de despejo em Jerusalém Oriental - ocupada por Israel em 1967 e anexada em 1980 - terminarem em confrontos com a polícia do Estado hebreu. Os dois povos reivindicam direito sobre a cidade.



Desde 10 de maio, mais de mil foguetes foram disparados por grupos armados palestinos da Faixa de Gaza contra Israel, de acordo com o exército israelense. Bombardeios de Israel também foram registrados na Faixa de Gaza, resultando em dezenas de mortes e em graves danos em ambos os territórios.

Abaixo, algumas fotos feitas pela AFP na Faixa de Gaza desde 10 de maio de 2021.


Outros registros foram feitos no mesmo período em Israel.


Em 12 de maio, autoridades internacionais pediram o fim “imediato” da escalada de violência na região para evitar um conflito generalizado.