Jornal Estado de Minas

CHECAMOS

Não foi publicado pelo diretor-geral da PF tuíte que diz que o STF e Lula mandaram matar Bolsonaro

A captura de tela de um tuíte em que o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, supostamente afirma que partiu do Supremo Tribunal Federal (STF) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a “ideia de matar” o presidente Jair Bolsonaro, foi compartilhada mais de 10 mil vezes em redes sociais desde meados de abril de 2021. A mensagem foi publicada, no entanto, por uma conta falsa. A Polícia Federal concluiu, em dois inquéritos, que o ataque a faca sofrido por Bolsonaro em setembro de 2018 foi executado por Adélio Bispo, sem mandantes.





“Partiu daqui em conjunto com @LulaOficial e outros a ideia de matar BOLSONARO, Por enquanto não posso dizer muito,mas vocês saberão… quem quiser pensar que é falsa a informação,fiquem a vontade,nos próximos dias saberão de muitas coisas! Deus abençoe vocês”, diz o tuíte, ilustrado com uma foto da sede do STF, em Brasília.

 

A captura de tela da publicação circula amplamente no Facebook (1, 2, 3) ao menos desde o último dia 18 de abril, e foi impulsionada por um vídeo (1, 2, 3) em que a jornalista Leda Nagle lê o conteúdo da mensagem. “Sabe quando ele diz ‘daqui’? Ele bota a foto do STF Eu ‘to’ assustada com isso tudo. Porque isso não é política né, isso é tudo menos política”, comenta Nagle na sequência. 

A mensagem não foi publicada, contudo, pelo diretor-geral da Polícia Federal.

Conta falsa


Uma busca no Google pelo texto exato do tuíte mostra que ele foi publicado no último dia 13 de abril pelo usuário “@d_delegado”. Depois disso, a conta foi deletada da rede social, mas ainda é possível acessar sua versão em cache. A publicação compartilhada nas redes também foi arquivada no site WayBack Machine.



Apesar de usar o nome e a foto de Paulo Maiurino, o usuário “@d_delegado” não possuía o selo azul de verificação do Twitter, que autentica contas de interesse público na rede social.

Uma análise do perfil indica, ainda, que a conta foi criada em abril de 2021, mesmo mês em que Maiurino foi escolhido para a direção-geral da Polícia Federal. O usuário havia publicado apenas sete tuítes, todos com críticas ao STF ou ao PT.

Procurada pelo AFP Checamos, a PF negou que o perfil “@d_delegado” fosse de Maiurino ou que ele tivesse escrito a mensagem viralizada. O perfil verdadeiro do diretor-geral, acrescentou, é o “@PMaiurino” - esse, sim, autenticado pela rede social.



Em nota após a viralização do conteúdo, o Supremo Tribunal Federal alertou “para post com informações falsas envolvendo ministros” e destacou que o plano citado é “mentiroso”.

Em sua conta no Instagram, a jornalista Leda Nagle reconheceu que leu o tuíte sem realizar “a checagem completa da informação” e pediu desculpas.

Sem mandantes


O texto viralizado parece fazer referência à facada sofrida por Bolsonaro em um evento político em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 6 de setembro de 2018, quando ele era candidato à Presidência.



A Polícia Federal já realizou, no entanto, dois inquéritos sobre o caso e concluiu que o atentado foi realizado pelo ex-militante de esquerda Adélio Bispo, sem a ajuda de terceiros ou a existência de mandantes.

“Ainda que a maioria das pessoas acreditem na existência de suporte logístico ao perpetrador do ato delitivo ou no envolvimento de grupos criminosos especializados, até o presente momento nada de concreto pode ser concluído a partir desta hipótese criminal . Até aqui, a investigação, marcada ininterruptamente pelo rigor técnico, demonstrou que ADÉLIO BISPO DE OLIVEIRA atuou sozinho, por iniciativa própria, tendo sido o responsável pelo planejamento da ação criminosa e por sua execução, não contanto, a qualquer tempo, com o apoio de terceiros”, afirmou a PF no último inquérito sobre o caso, segundo relatório divulgado pelo jornal o Estado de S. Paulo.

O AFP Checamos já verificou outras alegações (1, 2, 3) envolvendo o atentado sofrido por Jair Bolsonaro.

Conteúdo semelhante a este também foi verificado pelos sites Agência Lupa, Aos Fatos e Estadão Verifica.



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