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Coronavírus: como o 'excesso de mortes' pode revelar o verdadeiro número de vítimas da pandemia de COVID-19

Uma revisão dos dados preliminares de mortalidade em 27 países aponta que em muitos lugares o número de mortes em excesso durante a pandemia foi muito maior do que o normal, mesmo quando o coronavírus entra na conta


postado em 18/06/2020 14:15 / atualizado em 18/06/2020 15:11


(foto: BBC)
(foto: BBC)

Ao menos 130 mil pessoas morreram ao redor do mundo durante a pandemia de coronavírus, além das 440 mil mortes contabilizadas oficialmente, de acordo com um levantamento feito pela BBC.

Uma revisão dos dados preliminares de mortalidade em 27 países aponta que em muitos lugares o número de mortes em excesso durante a pandemia foi muito maior do que o normal, mesmo quando o coronavírus entra na conta.

As chamadas "mortes em excesso", que é o número de mortes acima da média histórica, sugere que impacto humano da pandemia vai além dos dados oficiais divulgados por governantes pelo mundo.

Algumas dessas pessoas que morreram serão vítimas não computadas por COVID-19, mas outros casos podem ser resultado da sobrecarga do sistema de saúde e de outros diversos fatores.

Explore o guia interativo de mortes em excesso abaixo e veja como a pandemia afetou países como Brasil, Itália, África do Sul e Reino Unido.



É difícil fazer uma comparação direta da mortalidade entre os países. A precisão dos dados de coronavírus depende de quantas pessoas foram testadas para diagnosticar o vírus e se os governos incluem em suas estatísticas as mortes ocorridas fora dos hospitais.

Como o vírus se espalhou pelo mundo, países atingiram fases diferentes da pandemia em momentos distintos. Em alguns lugares, o número de mortes em excesso ainda pode crescer nas próximas semanas ou nos próximos meses, especialmente se os dados forem revisados. Por outro lado, outros países começam a voltar para o patamar normal de mortes.

Analisar as mortes por todas as causas durante a pandemia e compará-las com mortes no mesmo período em anos anteriores pode indicar uma visão mais precisa, ainda que provisória, da verdadeira mortalidade durante a pandemia de coronavírus.



Como se medem as mortes em excesso?

Para mensurar esses dados, foram levadas em conta as mortes por todas as causas. Esses tipos de dados costumam ser registrados e publicados por um centro civil de registro (como os cartórios brasileiros), pelo Ministério da Saúde ou por órgãos de estatísticas oficiais.

Essas informações levam bastante tempo para serem processadas e confirmadas, então todos os números registrados nos últimos meses são preliminares e sujeitos a revisão. É provável que o número de mortes cresça.

Os dados utilizados foram arredondados para a casa das centenas.

Como os países foram escolhidos?

Selecionamos os países com dados de mortalidade mais robustos nas primeiras semanas da pandemia. Onde as estatísticas são pouco confiáveis a nível nacional, focamos regiões menores com dados mais acurados, como os do Brasil, que são baseados em seis cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Recife, São Luís e Fortaleza.

Como se delimitou a pandemia em cada lugar?

O início da pandemia em cada país é contado a partir da semana ou do mês em que foi registrada oficialmente a quinta morte por COVID-19. O período vai até a data mais atual, o que não deve sofrer grandes mudanças.

Na maioria dos casos, calculamos nossa linha de mortes esperadas a partir de uma média de mortes registradas em cada lugar ao longo de cinco anos, de 2015 a 2019. Sempre que possível, usamos o número de mortes esperadas calculado pela autoridade estatística do país, a fim de levar em conta mudanças na população ou fatores ambientais conhecidos.

Quais fontes foram usadas?

As contagens de mortes oficiais da COVID-19 costumam ser feitas diretamente nos boletins públicos de cada governo. Quando os dados oficiais não estão facilmente disponíveis, usamos dados compilados e publicados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC).

Para áreas subnacionais, como São Paulo ou Fortaleza, usamos mortes por COVID-19 específicas dessas áreas.

Há outras maneiras de medir o impacto do vírus?

Comparar o excesso de mortes com as mortes esperadas durante a pandemia em um país é uma das várias maneiras de medir o impacto dela.

Mas a duração da pandemia desempenha um papel importante nesses cálculos. Para lugares com um rápido aumento de mortes seguido de uma queda rápida, como a Espanha, haverá menos mortes esperadas durante o período de surto em comparação com os locais nos quais os surtos que duraram muito mais tempo, como o Reino Unido.

O menor número de mortes esperadas para a Espanha faz com que seu excesso pareça muito maior em termos percentuais.

Outra medida é observar o excesso de mortes por 1 milhão de habitantes. O ponto positivo é que coloca países de populações diferentes em condições de igualdade. No entanto, medir por mortes por 1 milhão parecerá pior para um país com uma população mais velha ou menos saudável, pois não explica o fato de que um país em envelhecimento esperaria ver mais mortes.

Fontes

Escritório de Estatísticas da Áustria; Monitoramento de Mortalidade da Bélgica; Sciensano; Instituto Belga de Saúde; Registro Civil do Brasil; Serviço de Registro e Identificação Civil do Chile; Ministério de Ciência, Tecnologia, Conhecimento e Inovação do Chile; Ministério da Saúde do Chile; Escritório de Estatísticas da Dinamarca; Direção Geral do Registro Civil do Equador; Instituto Nacional de Estatística e Censo do Equador (INEC); Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos da França (Insee); Escritório Federal de Estatística da Alemanha; Organização Nacional de Registro Civil do Irã: Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat); Escritório de Estatística do Japão: Ministério de Assuntos Internos e Comunicações; Statistics Netherlands (CBS); Escritório de Estatísticas da Noruega; Ministério da Saúde do Peru; Sistema Nacional de Informações de Mortes do Peru (SINADEF): Direção Geral de Saúde de Portugal; Escritório de Registro Civil de Moscou; Governo de Moscou; Escritório de Registro Civil de São Petersburgo; Serviço de Estatística da República da Sérvia; Conselho de Pesquisa Médica da África do Sul (SAMRC); Departamento de Estatística da África do Sul (Stats SA); Escritório de Estatísticas da Coreia (KOSTAT); Instituto de Saúde Carlos 3º (ISCIII), da Espanha; Monitoramento de Mortalidade na Espanha; Escritório de Estatísticas da Suécia; Serviço Federal de Estatística da Suíça; Departamento de Administração Provincial da Tailândia; Prefeitura Metropolitana de Istambul; Tubitak (Conselho de Pesquisa Científica e Tecnológica da Turquia); Escritório de Estatística Nacional do Reino Unido (ONS); Registros Nacionais da Escócia (NRS); Agência de Pesquisa Estatística da Irlanda do Norte (NISRA); Serviço Estatal de Estatística da Ucrânia; Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC); Centro Nacional de Estatísticas da Saúde dos EUA (NCHS); Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC)

Créditos

Design por Prina Shah and Zoe Bartholomew. Desenvolvimento por Becky Rush e Scott Jarvis. Análise de dados e reportagem por Becky Dale e Nassos Stylianou. Produção do Serviço Mundial da BBC por Ana Lucia Gonzalez, Louise Adamou e Paul Harris. Produção de vídeo por Christian Estacio, Vincente Gaibor del Pino, Isadora Brant, Claudia La Via, Sofia Bettiza, Mark Perna, Lesthia Kertopati, Said Hatala Sotta e Anindita Pradana. Ilustrações por Jilla Dastmalchi. Supervisão estatística por Robert Cuffe. Gestão do projeto por Sally Morales. Produção do projeto por John Walton e Jacky Martens.

Contribuições: Stéphane Helleringer, professora associada da Universidade Johns Hopkins; Dr. Bernardo Lanza Queiroz, professor associado de demografia da Universidade Federal de Minas Gerais; Dr. Hazhir Rahmandad, professor associado do MIT Sloan School of Management; Navid Ghaffarzadegan, professor associado da Universidade Virginia Tech; Ministério da Saúde do Irã; Mesut Erzurumluoglu, pesquisador associado da Universidade de Cambridge; Dr. Yu Korekawa, diretor internacional de pesquisa e cooperação, Instituto Nacional de Pesquisa sobre População e Seguridade Social.



(foto: BBC)
(foto: BBC)

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(foto: BBC)

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