O Brasil já tem 35.026 mortes e 645.771 casos de covid-19 desde a chegada do coronavírus ao país, segundo dados nacionais compilados até esta sexta-feira (5).
Destes números, 1.005 mortes e 30.830 casos foram registrados apenas nas últimas 24 horas.
No dia anterior, quinta-feira (4), o país havia registrado o maior número de mortos em um único dia, 1.473 óbitos.
Atrasos e mudanças na divulgação de dados
A divulgação dos dados sobre a covid-19 no país passou por contratempos e mudanças nesta semana. Normalmente, os dados eram enviados à imprensa por volta das 19h. Na quarta-feira (3), foi enviada uma mensagem a jornalistas afirmando que, por "problemas técnicos", as informações seriam enviadas "excepcionalmente" às 22h.
No dia seguinte, quinta-feira, os dados só chegaram às 22h, mas desta vez sem qualquer justificativa quanto ao horário.
Nesta sexta-feira (5), o ministério enviou uma mensagem informando que os números sairiam às 22h, argumentando que os "dados de casos e óbitos são informados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde", que são então analisados e consolidados pela pasta e em alguns casos precisam "de checagem junto aos gestores locais".
Em entrevista à noite, perguntado sobre alterações no horário de divulgação, Bolsonaro brincou com o horário do Jornal Nacional, da TV Globo, normalmente exibido por volta de 20h30.
"Acabou matéria no Jornal Nacional?", disse, rindo.
"Mas é para pegar o dado mais consolidado, e tem que divulgar os mortos no dia. Por exemplo, ontem, praticamente dois terços dos mortos eram de dias anteriores, os mais variados possíveis. Tem que divulgar o do dia. O resto consolida para trás. Se quiser fazer um programa do Fantástico todinho sobre mortos nas últimas semanas, tudo bem."
Também houve alteração no tipo de dado informado à imprensa. Nesta sexta-feira, o boletim não trouxe mais números totais de mortes e casos de covid-19 apenas dados para as últimas 24 horas. Assim, veículos como a BBC News Brasil estão fazendo cálculos manualmente, com base em informações dispersas ao longo dos dias.
O painel covid-19, do governo, que costuma trazer diversos dados e gráficos sobre a doença, estava fora do ar pelo menos até 22h15 desta sexta-feira.
Piora dramática no último mês
No intervalo de apenas um mês, o Brasil multiplicou por cinco o seu total de mortes por covid-19, em mais uma marca dramática atingida pela pandemia no país. Na terça-feira (2), o país passou a marca de 30 mil óbitos. Em 2 de maio, o relatório diário da Organização da Saúde (OMS) mostrava que o Brasil tinha 5,9 mil mortes pela doença.
Outra marca trágica atingida pelo país na quinta-feira (4) foi ter passado a Itália e ter se tornado o terceiro país no mundo com mais mortos pela covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido. Em número de casos, o Brasil está em segundo lugar, atrás dos EUA, como mostra um painel global da universidade Johns Hopkins.
No momento em que muitos Estados e municípios brasileiros já discutem e implementam medidas de flexibilização da quarentena, os dados globais da universidade mostram que a curva de contágio do Brasil continua ascendente, diferentemente de outros países europeus e asiáticos em processo de flexibilização, cujos dados parecem indicar, no momento, uma estabilização no número de casos.
Pandemia
O primeiro registro do coronavírus no Brasil foi em 24 de fevereiro. Um empresário de 61 anos, que mora em São Paulo (SP), foi infectado após retornar de uma viagem, entre 9 e 21 de fevereiro, à região italiana da Lombardia, a mais afetada do país europeu que tem mais casos fora da China.
O novo coronavírus, que teve seus primeiros casos confirmados vindos da China no final de 2019, é tratado como pandemia pela OMS desde 11 de março.
As taxas de mortalidade pelo coronavírus têm variado consideravelmente de país para país, também segundo a Johns Hopkins. Enquanto locais como Bélgica, Reino Unido e Itália têm entre 14% e 16% de mortos entre os infectados, essa taxa tem sido de cerca de 6% em países como EUA e Brasil.
Estudos apontam que a grande maioria dos casos do novo coronavírus apresenta sintomas leves e pode ser tratado nos postos de saúde ou em casa. Mas, entre aqueles que são hospitalizados, o tempo de internação gira em torno de três semanas, o que gera um impacto sobre os sistemas de saúde, de acordo com a pasta, já que os leitos de unidades de tratamento intensivo (UTI) ficam ocupados por um longo tempo, gerando uma crise de escassez de leitos em diversos Estados e municípios brasileiros.
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