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'Fórum das elites' em Davos promete pacto pela justiça social diante de turbulência global com coronavírus

O fundador e CEO do evento, Klaus Schwab disse, em encontro virtual, que a pandemia atual deixou clara a falta de sustentabilidade do sistema antigo em termos de coesão social, falta de oportunidades e inclusão.


postado em 04/06/2020 05:19

Klaus Schwab iniciou o evento anual em 1971 para discutir práticas de gestão global(foto: Getty Images)
Klaus Schwab iniciou o evento anual em 1971 para discutir práticas de gestão global (foto: Getty Images)

Enquanto grandes eventos continuam sendo cancelados em todo o mundo em razão da pandemia de covid-19, os organizadores do Fórum Econômico Mundial anunciaram nesta quarta-feira (03/05) a intenção de, além de manter o evento em janeiro do próximo ano, criar uma rede virtual, que funcionaria como um segundo evento, para conectar milhares de jovens em mais de 400 cidades no mundo com os líderes globais presentes na Suíça.

Nos últimos anos, o Fórum de Davos focou em temas como sustentabilidade, a quarta revolução industrial e globalização. Mas em 2021, de acordo com a organização, o principal foco será nos problemas sociais de diversos países do mundo.

"É necessário haver um novo contrato social focado na dignidade humana e na justiça social, de forma que o progresso da sociedade não fique para trás do desenvolvimento econômico", anunciou em nota a entidade que organiza o fórum de Davos.

O fundador e CEO do evento, Klaus Schwab disse, em encontro virtual, que a pandemia atual deixou clara a falta de sustentabilidade do sistema antigo em termos de coesão social, falta de oportunidades e inclusão.

"Também não podemos dar as costas para os males do racismo e da discriminação", disse.

Tempos de pandemia e protestos

O próprio evento é marcado por ser exclusivo apenas para a elite econômica mundial, como bilionários e presidentes de países ricos. Todo mês de janeiro, desde 1971 na cidade de Davos, cidade conhecida pelos seus luxuosos e exclusivos resorts de esqui, recebe líderes mundiais, chefes das maiores empresas do mundo e um punhado de celebridades.

A promessa de um "reinício" feita por Schwab vem em um momento especial: além da pandemia, que expôs desigualdades de acesso a saúde e a infraestrutura básica em todo mundo, como água potável e habitação, uma série de protestos contra o racismo acontece em diversos países.

Os Estados Unidos vivem a mais forte onde de manifestações desde 1968, após o assassinato do líder de direitos civis Martin Luther King Jr.. Desta vez, o estopim dos protestos foi a morte de George Floyd, um americano negro de 46 anos, que foi sufocado por um policial branco, que se ajoelhou sobre seu pescoço por mais de 8 minutos.

O caso provocou manifestações em mais de 75 cidades. Em mais de 40 delas, as autoridades decretaram toque de recolher. A Guarda Nacional (força militar que os EUA reservam para emergências) foi acionada com 16 mil soldados despachados para 24 Estados e a capital, Washington.

Os protestos contra a morte de Floyd repercutiram muito além dos Estados Unidos(foto: Reuters)
Os protestos contra a morte de Floyd repercutiram muito além dos Estados Unidos (foto: Reuters)

Luxo e conferências

Os encontros em Davos costumam ir até tarde da noite com jantares diários, bebidas e festas, bancados pelas empresas que estão participando. Há intermináveis discursos e sessões sobre assuntos variados, desde as perspectivas para a economia global até o gerenciamento do estresse.

Na realidade, a maioria das pessoas não está lá para as sessões, mas para incrementar sua rede de contatos. Estar em um espaço relativamente pequeno por quatro dias permite que chefes, políticos e jornalistas tenham um número alto de reuniões em um curto espaço de tempo, sem a necessidade de viagens.

Klaus Schwab fundou o evento anual em 1971 para discutir práticas de gestão global. Agora, o fórum tem um papel muito mais amplo, mas os críticos argumentam que são apenas conversas sem muito efeito prático.

Os únicos participantes que pagam para estar em Davos são empresas. Todos os outros são convidados gratuitamente.

Os participantes também têm de ser membros do Fórum Econômico Mundial. É caro, mas os principais membros têm acesso a sessões privadas com seus colegas do setor e, ao contrário de todos os outros - obrigados a se deslocar a pé, escorregando e deslizando sobre as calçadas geladas no inverno suíço -, eles também têm carro e motorista à disposição. Um preço que vale a pena pagar, alguns podem dizer.

Crachás brancos com hologramas são os mais cobiçados de todos(foto: Getty Images)
Crachás brancos com hologramas são os mais cobiçados de todos (foto: Getty Images)

Melhorar a desigualdade no mundo é sempre um grande ponto de discussão em Davos, mas o sistema de identificação do próprio fórum está longe de dar o mesmo tratamento a todos os participantes, graças a um complicado sistema de "castas" de crachás coloridos.

Sim, você pode estar no mesmo lugar que o príncipe William ou o premiê da Nova Zelândia, mas é improvável que esbarre neles pelos corredores.

Convidados de alto perfil recebem um distintivo branco com um holograma, dando-lhes acesso a todos os lugares - incluindo as reuniões especiais com bastidores superexclusivos.

Existem diferentes crachás coloridos para os cônjuges dos participantes e jornalistas, todos oferecendo vários níveis de acesso. O nível mais baixo é um crachá de "hotel", o que significa que você não pode entrar no centro de conferências, mas crucialmente pode participar das festas noturnas ou mesmo esquiar.

Dado o alto perfil de muitos dos participantes, a segurança é compreensivelmente reforçada.

Há atiradores de elite em todos os tetos e uma zona segura em que só se entra com o crachá correto. Toda vez que você entrar no centro de conferências principal, você terá que tirar o seu casaco, escanear seu laptop e sua bolsa e depois colocar tudo de novo. É como passar constantemente pela segurança do aeroporto sem nunca voar.

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