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Estado de Minas

Coronavírus: após resistir à ideia, governo anuncia adiamento do Enem por conta da pandemia

Um dia depois de ter sido aprovado no Senado projeto que adia processos seletivos no ensino superior, ministério diz que Exame Nacional do Ensino Médio será postergado entre 30 e 60 dias da data original.


postado em 20/05/2020 15:59

Projeto de lei foi aprovado no Senado pedindo adiamento de processos seletivos(foto: Mariana Leal/MEC)
Projeto de lei foi aprovado no Senado pedindo adiamento de processos seletivos (foto: Mariana Leal/MEC)

Sob pressão de especialistas em educação, parlamentares e estudantes, o Ministério da Educação (MEC) anunciou nesta quarta-feira (20/05) o adiamento do Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio.

"Atendendo às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Enem 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep, responsável pelo exame) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação dos exames nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais", diz comunicado do órgão.

Até então, o Enem estava previsto para ser realizado em 1º e 8 de novembro, na versão impressa, e 22 e 29 de novembro, na versão digital. A nova data será decidida após uma enquete entre os inscritos, em junho.

As inscrições para o exame continuarão abertas até as 23h59 de sexta-feira (22), informa o Inep.

O adiamento ocorre um dia depois de o Senado ter aprovado um Projeto de Lei prorrogando processos seletivos pré-universitários, incluindo vestibulares e o Enem. O projeto, que agora passa a tramitar na Câmara, foi aprovado por 75 votos a 1 (o único voto contra foi do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro).

Pressão e recuo

Nos últimos dias, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, - inicialmente um forte defensor da manutenção da data do Enem - havia dado sinais de que aceitaria um adiamento.

"Diante dos recentes acontecimentos no Congresso e conversando com líderes do centro, sugiro que o Enem seja adiado de 30 a 60 dias. Peço que escutem os mais de 4 milhões de estudantes já inscritos para a escolha da nova data de aplicação do exame", disse Weintraub pelo Twitter na manhã desta quarta.

Para diversos especialistas em educação, no atual cenário da pandemia do novo coronavírus, em que jovens estão cursando o ensino médio em condições particularmente desiguais, havia o risco de que a manutenção da data do Enem elevasse as desigualdades de acesso ao ensino superior no Brasil.

"As condições de estudos dos alunos estão muito diferentes", argumentou Lucas Fernandes, gerente de estratégias políticas da organização Todos Pela Educação, em entrevista à BBC News Brasil em 11 de maio, data em que foram abertas as inscrições do Enem.

Temia-se que Enem, na data original, aumentasse desigualdade de acesso ao ensino superior(foto: Ag Pará)
Temia-se que Enem, na data original, aumentasse desigualdade de acesso ao ensino superior (foto: Ag Pará)

"Temos redes (estaduais e municipais) que conseguem oferecer ensino remoto e até oferecer pacotes de dados de internet para os alunos. E temos redes que ainda estão planejando o que fazer. Do ponto de vista dos alunos, as diferenças no acesso a computadores e a internet são as mais evidentes. Mas há também diferenças em literacia digital: pessoas mais vulneráveis podem ter acesso a celulares, mas não fazem uso frequente (para estudar) no dia a dia. As evidências mostram que, na hora das avaliações, esses estudantes menos letrados têm performance pior."

Adiamentos ao redor do mundo

Embora o Brasil não estivesse sozinho na manutenção de seus exames nacionais estudantis, o país era parte de um grupo minoritário. Um levantamento da Unesco (braço da ONU para a educação) de 11 de abril (e, portanto, sujeito a atualizações, uma vez que os cenários nacionais estão mudando constantemente) apontava que cerca de 20 países decidiram manter todos ou parte de seus exames além de Brasil, estavam no grupo Alemanha, Finlândia, Nova Zelândia, Colômbia e Costa Rica, entre outros.

Mas cerca de 80 países cancelaram, adiaram ou remarcaram suas avaliações estudantis, entre eles EUA, Reino Unido, China, Irlanda, Espanha, Coreia, França e Noruega.

E é importante destacar que alguns países, como Alemanha, Finlândia e Colômbia, aparecem mais de uma vez na listagem, por terem mais de um exame sendo levado em consideração pela Unesco ou por adotarem múltiplas estratégias simultaneamente nos âmbitos regionais.


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