O Ministro do Interior, Remigio Ceballos, anunciou o fechamento do centro penitenciário localizado em Tocuyito, Carabobo, cujos 2 mil presos foram transferidos para outros centros de reclusão.
"Podemos dizer que Tocuyito está fechada, todas as estruturas criminosas foram desmanteladas", disse Ceballos em entrevista coletiva no pátio do local. "Acabamos com as estruturas criminosas chamadas pranatos na Venezuela", afirmou, referindo-se à figura dos "pranes", membros de grupos criminosos que controlaram por anos prisões venezuelanas.
Cerca de 8 mil agentes participaram da ocupação, executada após a evacuação do presídio de Tocorón, no estado de Aragua, em 20 de setembro. Tocorón, que tinha cerca de 1.600 presos, era a base de operações do temido Trem de Aragua, um grupo dedicado a crimes como sequestro, extorsão e tráfico de drogas, e cujos tentáculos se expandiram por diversos países da América Latina nos últimos anos.
"Continuaremos trabalhando no combate às máfias", ressaltou Ceballos, que também anunciou a investigação de funcionários suspeitos de corrupção.
Carlos Nieto Palma, coordenador da ONG Uma Janela pela Liberdade, que monitora o sistema prisional do país, explica que é comum que carcereiros façam parte dessas máfias, que "se financiam com o tráfico de drogas, extorsões, sequestros e outras atividades criminosas".
- Apreensões -
Após a tomada de Tocuyito, foram apreendidas 150 armas de fogo de diferentes calibres e mais de 12 mil cartuchos, além de 1.500 armas brancas e drogas, detalhou o ministro Ceballos, que não mencionou o estúdio onde Néstor Richardi Sequera Campos, conhecido como "Richardi", um dos pranes do local, gravava músicas que acumulam milhões de visualizações em seu canal no YouTube.
Condenado a 20 anos de prisão por homicídio, Richardi "deveria ter sido libertado em maio de 2018, mas decidiu, por conta própria, permanecer atrás das grades, como se estivesse em um resort", assinalou a ONG Observatório Venezuelano de Prisões (OVV). O ministro Ceballos não informou qual era a sua situação.
Vestindo roupas amarelas, os presos eram transferidos de ônibus para outros centros de detenção. Parentes reunidos do lado de fora de Tocuyito pediam para saber o paradeiro dos mesmos.
Zaida Pérez, 68, implorava, aos prantos, para saber o destino de seu filho, condenado a 12 anos. "Queremos que nos digam se eles estão sendo levados para longe", disse à AFP.