- Desaparecimento -
O 1º de junho de 2009, um Airbus A330 que operava o voo AF447 entre Rio de Janeiro e Paris desapareceu no oceano Atlântico em frente à costa brasileira com 216 passageiros de 33 nacionalidades: 61 franceses, 58 brasileiros e 28 alemães, assim como italianos (9), espanhóis (2) e um argentino, entre outros.
A tripulação de 12 pessoas era composta por 11 franceses e um brasileiro.
Foi o acidente mais mortal da história da Air France. Os primeiros destroços da aeronave foram encontrados a partir de 2 de junho no mar, perto do Equador.
- Mensagens de problemas -
A Justiça francesa começou uma investigação em 5 de junho por "homicídios culposos".
O escritório de investigação e análise de segurança da Aviação Civil (BEA) anunciou que o avião enviou 24 mensagens automáticas de defeitos em quatro minutos.
Estes indicavam uma "incoerência nas velocidades medidas" pelas sondas Pitot.
A Air France anunciou a substituição deste dispositivo nos modelos A330 e A340 em 9 de junho. Em 2 de julho, um primeiro informe do BEA indica que as falhas destas sondas são "um elemento, mas não a causa" do acidente.
- Acusações -
Em 17 e 18 de março de 2011, a Justiça acusa a Airbus e Air France por homicídios culposos.
Em 2 de abril, é encontrada mais uma parte da cabine do avião. Em 1º e 2 de maio se recuperaram as caixas pretas.
Em 7 de junho, a operação de buscas dos corpos é encerrada: 154 corpos foram recuperados desde junho de 2009.
- Erros humanos e falhas técnicas -
Em 28 de julho de 2011, as famílias das vítimas alemãs acusam o BEA de favorecer a hipótese de falha dos pilotos.
Um dia depois, em um novo informe, esta agência aponta esta falha e admite ter retirado uma passagem que indicava um funcionamento paradoxal do alarme de entrada em estol (perda de sustentação no ar devido à baixa velocidade, ndlr) dos A330, mas negou ter sofrido pressões.
Em 4 de julho de 2012, um informe de peritos judiciais aponta um conjunto de erros humanos e falhas técnicas.
Um dia depois, o informe final do BEA concluiu que houve uma "obstrução das sondas de velocidade Pitot" e que os pilotos não detectaram o estol (perda de sustentação) da aeronave.
- "Reação inapropriada" -
Em 30 de abril de 2014, cinco peritos outorgados por juízes de instrução estimam que a catástrofe se deve a "uma reação inapropriada da tripulação após a perda momentânea das indicações de velocidade".
Uma nova perícia determinada pela Justiça em 20 de dezembro de 2017 estabelece que a "causa direta" do acidente "resultou das ações inadaptadas da pilotagem manual" do avião.
O informe indignou as famílias das vítimas. "Sempre é culpa dos pilotos que não estão ali para se defender", declara Danièle Lamy, presidente de uma associação de familiares de vítimas.
- Interrupção do processo -
Em 17 de julho de 2019, o Ministério Público de Paris pede um processo penal contra Air France por "negligência" e "imprudência", mas assegura que não há acusações suficientes contra a Airbus.
As famílias das vítimas apresentam em 1º de setembro um informe inédito que afirma que a Airbus tem ciência das falhas nas sondas de velocidade desde 2004.
Porém, os juízes de instrução interromperam o processo para ambas as empresas. O Ministério Público recorreu.
- Air France e Airbus absolvidos -
Em 12 de maio de 2021, o tribunal de apelação de Paris decide que Air France e Airbus serão julgados por "homicídios culposos".
O julgamento começa em 10 de outubro de 2022 e, em 17 de abril, o tribunal anuncia a absolvição de ambas as empresas, ao considerar que, apesar de cometerem "falhas", não se "pôde demonstrar (...) nenhum nexo causal certo" com o acidente.