Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

EUA: inflação desacelera a 6% em fevereiro

A inflação desacelerou nos Estados Unidos em fevereiro, a 6,0% em ritmo anual, o menor nível em quase um ano e meio, em um momento em que o Federal Reserve (Fed, banco central), responsável por conter o aumento dos preços, enfrenta dificuldades após a falência do banco SVB.



Na comparação mensal, a inflação caiu a 0,4%, dentro das expectativas dos analistas, após uma recuperação em janeiro, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado pelo Departamento do Trabalho nesta terça-feira (14).

Este é o oitavo mês consecutivo de queda da inflação desde o teto de 9,1% em junho do ano passado no intervalo anual.

Embora esse tenha sido o menor aumento anual desde setembro de 2021, o nível permanece, contudo, bem acima da meta de 2% a longo prazo das autoridades.

"A inflação do IPC registrou a variação esperada, mas a inflação subjacente foi maior do que o esperado", disse Rubeela Farooqi, economista-chefe da HFE.

Na comparação mensal, este dado mais duro da inflação mostrou uma variação de preços de alta de 0,5% ante 0,4%, entre dezembro e janeiro. Em um ano, porém, moderou-se para 5,5%, seu nível mais baixo desde dezembro de 2021.

"O índice habitacional foi o que mais contribuiu (...) respondendo por mais de 70% da alta", disse o Departamento em um comunicado.



Alimentação, lazer e aquisição de utensílios domésticos também contribuíram para a alta dos preços.

Os preços da energia, que dispararam pela guerra na Ucrânia desde março passado, continuam em queda, de 0,6%, na comparação com janeiro. Em um ano, porém, estão 5,2% mais caros.

O Fed adotou uma campanha agressiva para controlar a inflação galopante, elevando oito vezes as taxas de juros desde o início do ano passado para desacelerar a economia e moderar a demanda.

Para o presidente Joe Biden, "os desafios" do setor bancário mostram que haverá "reveses" no caminho rumo a "um crescimento duradouro e estável".

- Quebra que sacode o tabuleiro -

Embora o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, tenha dito inicialmente que a instituição está preparada para aumentar o ritmo das altas de juros e sua magnitude, se necessário - já que os dados econômicos permanecem positivos -, o colapso dos bancos Silicon Valley Bank (SVB), na semana passada, Signature Bank e Silvergate Bank nos últimos dias, pode fazer o organismo deter esses aumentos, ou moderá-los.

Provocadas em parte pelos fortes aumentos de juros decididos pelo Fed há um ano, a falência do SVB, em particular, e a turbulência no setor bancário podem mudar o quadro, apesar de o próprio Powell ter advertido, na semana passada, que as taxas poderiam ficar acima do nível final esperado ao final do ciclo de ajuste monetário.

Os mercados especulam, inclusive, que o Fed, ante a situação do setor bancário, pode decidir não variar suas taxas de referência, principal instrumento de contenção da inflação.

Na semana que vem, o Fed terá sua reunião de política monetária para definir em quanto aumentará suas taxas de juros de referência.

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