"Decidi suspender essas ordens hoje", disse o procurador-geral Francisco Barbosa. Os guerrilheiros "serão reconhecidos como representantes do autodenominado Estado Maior Central (EMC)", maior facção dissidente (cerca de 2.000 combatentes), para dialogar com o governo, acrescentou.
O presidente Petro havia pedido secretamente ao órgão investigador que suspendesse as ordens de prisão contra os guerrilheiros, e se dividia entre reconhecer os dissidentes como atores políticos ou tratá-los como grupos ligados ao narcotráfico. "Neste caso concreto, para o MP existe o fundamento, porque o presidente deu o caráter político aos dissidentes que não assinaram o acordo de paz de Havana", disse o procurador.
Segundo Barbosa, o presidente deu o mesmo reconhecimento aos integrantes da Segunda Marquetalia, facção formada por guerrilheiros que abandonaram o processo de paz alegando descumprimentos. O procurador, no entanto, não levantou as ordens de prisão contra os membros desse grupo.
O governo não anunciou quando se sentará à mesa com os dissidentes do EMC, cuja atuação se estende a boa parte dos 32 departamentos do país, especialmente na Amazônia, no Pacífico e na fronteira com a Venezuela.
Segundo cálculos independentes, o EMC conta com mais de 2 mil combatentes. A maior parte das Farc (7.000 guerrilheiros) se desmobilizou em 2017.
Em meio à chamada política de paz total, delegados de Petro conversam desde novembro com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) em sedes rotativas, como Caracas, Cidade do México e, em breve, Havana.
As forças públicas e os rebeldes de todas as facções cumprem um cessar-fogo bilateral desde 31 de dezembro, embora o governo tenha apontado violações do acordo. Em entrevista concedida à AFP no último dia 1º, um líder guerrilheiro do EMC do departamento de Nariño (sudoeste) afirmou que uma suspensão das ordens de prisão contra seus companheiros representaria o começo dos diálogos de paz.
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BOGOTÁ
Colômbia suspende ordens de prisão contra dissidentes das Farc para negociar a paz
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