Jornal Estado de Minas

REI CHARLES

Com posse de rei Charles, Reino Unido mantém negócios com o Brasil

Com a posse do rei Charles III, herdeiro da rainha Elizabeth II – que faleceu nessa quinta-feira (8/9), aos 96 anos, o Reino Unido manterá as boas relações com o Brasil. As ações pela preservação do meio ambiente também deverão ser fortalecidas, já que o novo rei é dedicado à causa. E, nesse aspecto, Minas Gerais também será favorecida, por causa da parceria firmada com os britânicos na área da sustentabilidade ambiental.




 
A informação é do cônsul do Reino Unido em Minas Gerais, Lucas Brown. A tendência de manutenção dos bons laços de negociação entre a Inglaterra e o Brasil também é ressaltada pelo consultor e especialista em comércio exterior Welber Barral, nomeado árbitro do novo sistema de solução de controvérsias do Reino Unido, o pós-Bréxit, que decide as disputas comerciais entre a Grã-Bretanha e os países com os quais tem acordos de livre comércio.

“A família real (inglesa) sempre um carinho muito especial para o Brasil. Tenho  certeza que  isso vai continuar”, afirma Lucas Brown. Ele lembra que esse carinho da realeza com o país foi demonstrado na mensagem que a rainha Elizabeth mandou ao governo brasileiro por ocasião da comemoração do bicentenário da Independência do Brasil (7 de setembro). A manifestação foi uma das últimas mensagens publicadas pela rainha.
Consul Lucas Brown (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

O cônsul lembra que o rei Charles III já fez várias visitas ao Brasil, e a última delas ocorreu em 2009. Ele ressalta que o novo líder do trono do Reino Unido é “campeão do meio ambiente”, salientando que ele já dedicou a maior parte de sua carreira à questão da sustentabilidade ambiental.





“Nesse tema, em termos de parceria com o Reino Unido, Minas Gerais se destacou internacionalmente”, observa Brown.

Ele destaca que, em junho de 2021, Minas Gerais foi o primeiro estado da América Latina e do Caribe a assinar com o Reino Unido o acordo da campanha Race to Zero (Corrida para o Zero), campanha que tem meta zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. A proposta foi inserida na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (COP 26), realizada em Glasgow (Escócia) em novembro de 2021.

O representante do Reino Unido salienta que o “pioneirismo” de Minas Gerais teve um grande impacto fazendo que outros estados também aderissem à campanha do Race to Zero.

Ele enfatiza que, a partir da “parceria diplomática na pauta climática e de desenvolvimento econômico sustentável entre Minas Gerais e o Reino Unido”, durante a COP26, a secretária de Estado de Meio Ambiente, Marília Melo e o então presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Sérgio Gusmão, participaram de um encontro especial de governos estaduais e municipais com o  então príncipe e agora rei Charles.

“Minas Gerais foi o único estado com dois representantes    na mesa com o então príncipe Charles, hoje rei Charles III”, comenta o cônsul.

“Definitivamente, esse (o meio ambiente) será um dos temas prioritários para o rei Charles. Portanto, o Brasil vai continuar sendo um país prioritário para o Reino Unido. E, especificamente na pauta climática, Minas Gerais vai ser prioritário para o Governo britânico através do Consulado britânico em Belo Horizonte, que eu lidero”, anunciou Lucas Brown.




Especialista em comércio exterior Welber Barral (foto: Arquivo pessoal)

“As áreas que trabalho, certamente, vão continuar, como comércio internacional, ciência, inovação e, claro, clima. Tenho certeza de que os laços entre os dois países vão se estreitar ainda mais. E a minha mensagem é que o fato de o Reino Unido ter um consulado em Minas Gerais evidencia nosso compromisso do longo prazo com  o estado. Minas Gerais pode contar com a parceria e o apoio do Reino Unido”, garantiu.

Ele ressaltou que as negociações comerciais e a questão climáticas fazem parte da estratégia de relações do Reino Unido não somente com o Brasil, “mas com o mundo inteiro”. Destacou ainda que a Inglaterra prioriza a “transição energética, rumo a uma economia de baixa emissão de carbono para a atmosfera, o que é a maior oportunidade (de negócios na área de geração de energia limpa) desse século”.

O especialista em comércio exterior Welber Barral também destaca que o Brasil deverá manter as boas relações comerciais com a Inglaterra após a posse do rei Charles III. “A relação do Reino Unido com o Brasil é bastante tradicional desde a época da (nossa)  Independência”, afirma Barral, mineiro de Montes Claros, no Norte de Minas.





Maior possibilidade de negociação futura com o Mercosul


“Fundamentalmente, sempre houve uma tentativa de maior aproximação entre os dois países. Há muito investimento britânico no Brasil. Por outro lado, muitos bancos brasileiros têm representação em Londres. Então, não houve grandes mudanças recentes", diz.

"A maior mudança que houve foi com o Bréxit (saída do Reino Unido da União Europeia). Com isso, há a maior possibilidade de uma negociação futura entre o Mercosul e o Reino Unido. Mas, isso também não é algo a curto prazo”, assegura Barral, nomeado árbitro do novo sistema de solução de controvérsias do Reino Unido, o pós-Bréxit.

O especialista afirma que existe uma “grande pauta de exportações” do Brasil para o Reino Unido, envolvendo, sobretudo, o agronegócio. “O Brasil exporta para o Reino Unido muita carne, muito alimento, soja, minério de ferro e importa muitos serviços”, comenta Barral.