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Estado de Minas CRIME

A escola de ioga de Buenos Aires acusada de explorar prostituição de alunos por 30 anos

Justiça argentina prendeu 20 pessoas, incluindo líder do grupo, um contador de 84 anos que teria obtido milhões de dólares extorquindo e prostituindo seus 'alunos'.


19/08/2022 07:37 - atualizado 19/08/2022 11:05


Evidência policial
Justiça acusa escola de ter prostituído alguns de seus alunos (foto: PFA)

O prédio de dez andares no bairro residencial de Villa Crespo, na região norte de Buenos Aires, não chamava muita atenção dos moradores. Ali, funcionou por 30 anos a Escola de Yoga de Buenos Aires (EYBA).

Muitos acreditavam que o edifício era simplesmente uma organização da "New Age", que prometia curar as pessoas espiritualmente.

Mas, de acordo com a Justiça argentina, o que realmente funcionava naquele prédio era um perigoso esquema de pirâmide.

Por trás da fachada de "grupo espiritual", a escola atraia "alunos" — incluindo vários moradores dos Estados Unidos — para explorá-los financeiramente e, no caso de algumas mulheres, para prostituí-las.

O objetivo era obter dinheiro e favores.

Os donos da escola não se pronunciaram.

Em 12 de agosto, membros do Departamento de Tráfico de Pessoas da Superintendência de Investigações da Polícia Federal argentina invadiram o prédio e cerca de 50 outros locais em busca de 20 pessoas acusadas de liderar a organização criminosa.

Ao todo, 20 suspeitos foram presos. Também foi pedida a prisão de outras quatro pessoas que estariam nos Estados Unidos.

O juiz federal Ariel Lijo, responsável pelo caso, acusou os detidos de crimes de tráfico de pessoas para efeitos de redução à servidão (agravado por coação, furto qualificado, lavagem de dinheiro, associação ilícita, exercício ilegal de medicina, venda irregular de medicamentos e tráfico de influência).


Imagem de Juan Percowicz divulgada pela Polícia Federal
Líder do grupo, Juan Percowicz, é um contador de 84 anos que já havia sido acusado dos mesmos crimes há quase três décadas (foto: PFA)

Um dos presos era Juan Percowicz, um contador de 84 anos que é considerado o líder do grupo.

Percowicz já havia sido acusado dos mesmos crimes em 1993, mas o caso não avançou. Alguns policiais disseram acreditar que a ligação de Percowicz com autoridades o protegeu de ser condenado na época.

Além de prender os acusados, as autoridades fizeram buscas em 37 propriedades, apreenderam 13 carros e mais de um milhão de dólares (cerca de R$ 5,1 milhões). Os bens do grupo também foram congelados.

Como funcionava o esquema

Segundo a investigação, a Escola de Yoga de Buenos Aires faz parte de uma organização maior, a BA Group, com sede na capital argentina.

Ela recrutava alunos em três cidades americanas: Nova York, Las Vegas e Chicago.

O caso lista "179 alunos, distribuídos em suas diversas localidades".

A escola de ioga dizia ser "uma organização espiritual que ajuda a curar vícios e doenças, incluindo o HIV."

Percowicz é o líder espiritual do grupo. Seus alunos o chamam de "O Professor" ou "Anjo", e ele ocupa o posto mais alto da pirâmide: o sétimo.


Parte do dinheiro e bens apreendidos durante as batidas.
Parte do dinheiro e bens apreendidos durante as batidas (foto: PFA)

Abaixo dele havia toda uma hierarquia de poder.

Existiam os "Apóstolos", no nível 6, e abaixo deles os "Gênios". Os "Estudantes" formam o nível 4. Em 3, 2 e 1 havia o que o grupo chamava de "Humanos Comuns".

Como o grupo era financiado

Os investigadores acreditam que, por trás desse esquema de pirâmide, existia uma organização criminosa que lucrava às custas de seus seguidores.

A escola teria obtido U$ 5 milhões (cerca de R$ 25 milhões) através de vários canais.

Um deles era conhecido como "gueixa VIP".

Segundo a investigação, esse canal era uma das principais fontes de financiamento do grupo. Ele consistia na exploração sexual de alguns dos "alunos" da escola de ioga.

Algumas mulheres eram obrigadas a "ter encontros sexuais com pessoas de alto poder econômico para arrecadar dinheiro e obter proteção e/ou influência".

O objetivo era atrair empresários ou pessoas de poder para "obter grandes somas de dinheiro para a organização".

Outro canal era ligado a supostos tratamentos de saúde.

A escola operava uma clínica de "cura" para várias doenças, fornecendo medicamentos que prometiam "curar vícios", por exemplo.

Muitos pacientes foram recrutados nos Estados Unidos e enviados a Buenos Aires para realizar tratamentos desse tipo.

Havia também o "cerimonial", outro canal de financiamento.

Esse termo, na verdade, era uma mensalidade de US$ 200 (R$ 1.035) que os "alunos" tinham que pagar para fazer parte da organização.

As autoridades acreditam que alguns desembolsavam quantias muito maiores, chegando até US$ 10 mil (R$ 51,7 mil).

O grupo também tinha muitas propriedades.

Quando eram cooptados pela quadrilha, os "alunos" eram obrigados a colocar seus bens no nome da organização. A investigação encontrou 186 títulos de propriedades pertencentes à escola.

De acordo com a agência de notícias estatal argentina Télam, os acusados se recusaram a testemunhar à polícia.

- Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62599311

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