Jornal Estado de Minas

GAZA

Jihad Islâmica aceita trégua com Israel após ataques em Gaza que deixaram 43 palestinos mortos

O grupo armado palestino Jihad Islâmica anunciou neste domingo (7) que aceita uma trégua com Israel, após a morte de 43 palestinos, entre eles várias crianças, em ataques israelenses na Faixa de Gaza em três dias de confrontos.



Na tarde de domingo, o mediador egípcio afirmou que havia garantido o acordo de Israel para um cessar-fogo. Poucas horas depois, a Jihad Islâmica informou que aceitava a trégua proposta pelo Egito e Israel confirmou sua entrada em vigor.

"Foi concluído há pouco um acordo de trégua egípcio, que inclui o compromisso do Egito de agir em favor da libertação de dois prisioneiros, (Basem) Al Saadi e (Khalil) Awawdeh", disse em um comunicado Mohamed Al Hindi, chefe do braço político da Jihad Islâmica.

O Egito propôs que a trégua entre em vigor às 23h30 locais (17h30 de Brasília) de hoje, de acordo com uma fonte de segurança egípcia. Logo em seguida, a Jihad Islâmica indicou que "cessará as hostilidades" a partir desse horário, ressaltando que se reserva o "direito de resposta a qualquer (nova) agressão" por parte de Israel.

Por sua vez, o gabinete do primeiro-ministro israelense Yair Lapid disse que "pode confirmar que um cessar-fogo entrará em vigor esta noite às 23h30". "Se o cessar-fogo for violado, o Estado de Israel se reserva o direito de responder com firmeza", acrescentou em nota.



Foi a detenção de Saadi, um líder da Jihad na Cisjordânia ocupada, na segunda-feira, que desencadeou a nova escalada de violência na região, a pior em Gaza desde a guerra de onze dias em maio de 2021, que deixou 260 mortos no lado palestino e 14 no lado israelense.

Israel justificou seus primeiros ataques na sexta-feira com temores de possíveis represálias da Jihad a partir da Faixa de Gaza, enclave de 362 km2 onde vivem 2,3 milhões de pessoas e que está sob bloqueio israelense há mais de 15 anos.

Em resposta aos bombardeios, o grupo armado, apoiado pelo Irã e incluído na lista de organizações terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia, disparou centenas de foguetes contra Israel.

À espera dessa trégua, o Ministério da Saúde de Gaza anunciou neste domingo que mais 17 pessoas, incluindo nove crianças, foram mortas por ataques israelenses.

Desde sexta-feira, "43 palestinos caíram como mártires, entre eles 15 crianças" e "311 ficaram feridos", segundo o balanço mais recente do ministério do enclave.



Em Gaza, "a situação é muito ruim", disse à AFP Mohamed Abu Salmiya, diretor do hospital Shifa, da cidade. "Chegam feridos a cada minuto", acrescentou.

- Foguetes contra Jerusalém e Tel Aviv -

No domingo, a Jihad Islâmica lançou pela primeira vez foguetes em direção a Jerusalém, mas eles foram abatidos pelo exército.

Os disparos ocorreram quando centenas de israelenses comemoravam uma festa judaica em Jerusalém, com a visita de nacionalistas à Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do Islã, mas também o mais sagrado para o judaísmo, que o conhece como Monte do Templo.

Um fotógrafo da AFP também viu foguetes interceptados no centro de Tel Aviv na noite de domingo.

No sul e no centro de Israel, os civis foram forçados a se refugiar em abrigos antiaéreos.

Desde sexta-feira, pelo menos duas pessoas foram hospitalizadas com ferimentos causados por estilhaços e outras 13 ficaram levemente feridas em Israel enquanto buscavam um lugar seguro, segundo o serviço de emergência Magen David Adom.



Israel, por sua vez, afirmou ter neutralizado toda a "alta cúpula da ala militar da Jihad Islâmica em Gaza".

Isso inclui Taysir al Jabari 'Abu Mahmud', um dos principais líderes do grupo armado, executado em Gaza na sexta-feira, e Khaled Mansur, outro alto comandante, abatido em um ataque em Rafah. A morte dos dois foi confirmada pela Jihad Islâmica.

Autoridades israelenses dizem que várias crianças palestinas foram mortas em Jabalia, norte de Gaza, na noite de sábado, por um disparo de foguete fracassado contra Israel e não por ataques de seu exército.

- Detenções -

Neste domingo, o exército israelense anunciou a detenção de 20 membros da Jihad Islâmica na Cisjordânia ocupada. Outros 20 militantes da organização foram detidos no sábado.

O Hamas, movimento islamita que governa Gaza desde 2007, fez um alerta em um comunicado contra as "incursões" israelenses que poderiam levar a uma situação "fora de controle".

O Hamas, que já travou diversas guerras contra Israel, permanece à margem do atual conflito.

A vida diária em Gaza foi paralisada e a única central de energia elétrica do território teve que interromper as atividades no sábado por falta de combustível, provocada pelo bloqueio das entradas no enclave por parte de Israel desde terça-feira.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou para o "grave risco" que do conflito representa para a "continuidade dos serviços básicos essenciais".