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Estado de Minas AGUJITA

Esforços para resgatar mineiros são redobrados no México após 48 horas desde o desabamento


05/08/2022 22:19

Autoridades do México intensificaram, nesta sexta-feira (5), os esforços para resgatar 10 mineiros que permanecem presos desde quarta-feira devido ao colapso de uma precária mina de carvão no nordeste do país, mobilizando mais socorristas e máquinas.

Cerca de 383 pessoas, entre militares e civis, trabalham "sem descanso" na mina que desabou, localizada na cidade de Agujita, estado de Coahuila, informou o porta-voz da presidência mexicana, Jesús Ramírez. Um aumento de mais de 100 pessoas em relação a quinta-feira.

Além disso, são utilizadas 19 bombas d'água capazes de extrair até 60 litros por segundo de dentro da mina, que foi inundada após o desabamento de uma de suas paredes, além de perfuratrizes para facilitar a instalação de mais equipamentos, informou, por sua vez, o governador de Coahuila, Miguel Riquelme.

"O trabalho não vai parar até que o objetivo seja alcançado", garantiu Riquelme via Twitter.

Mas apesar do reforço da operação, alguns familiares dos mineiros se preparam para o pior cenário.

"Preciso estar controlada para o que vier e o que me disserem", declarou à AFP Érika Escobedo, que aguarda notícias de seu marido, Hugo Tijerina. A jovem de 27 anos teve que dizer a seus dois filhos pequenos que seu pai "já saiu" para mantê-los calmos.

- Reduzir o nível de água -

Os trabalhos se concentram na redução dos níveis de água na mina para permitir a entrada dos socorristas.

"É fundamental reduzir o nível do espelho d'água na área do incidente para (...) permitir a entrada segura de pessoal especializado de busca e salvamento", explicou nesta sexta Laura Velázquez, coordenadora nacional de Proteção Civil, durante a coletiva da manhã do presidente Andrés Manuel López Obrador. Segundo Velázquez, o nível da água caiu de 34 para 30 metros.

Jesús Mireles Romo, de 24 anos, foi um dos primeiros a chegar ao local do acidente, antes mesmo das autoridades. Seu pai, José Luis, está preso. "Estou desesperado, sem saber o que está acontecendo, quando vou vê-lo novamente", disse à AFP entre lágrimas e angústia.

Ao som das potentes bombas que extraem a água, Mireles e outros familiares acompanharam sem pausa a árdua e apressada operação para libertar os trabalhadores. Eles esperam nas proximidades da mina, de cerca de 60 metros de profundidade.

Mireles não sai do local desde a tarde de quarta-feira e com seus dois irmãos tentou ajudar as vítimas antes que os profissionais assumissem o resgate. "É doloroso ver seus filhos que não perdem a esperança de voltar a ver o pai", disse Claudia Romo, a mãe de Mireles, de 45 anos.

A mina está localizada cerca de 1.130 km ao norte da Cidade do México, na chamada região carbonífera de Coahuila.

Após o desabamento, cinco mineiros "conseguiram sair" e foram levados para um hospital, dos quais dois receberam alta, de acordo com as autoridades.

- Trabalho arriscado -

A mina acidentada possui três poços interligados por onde é extraído o carvão, segundo um diagrama apresentado pelo exército. Ela é do tipo denominado "pocito", amplamente utilizado para extrair carvão em Coahuila.

O acidente ocorreu quando, ao escavar, os trabalhadores se depararam com uma área contígua cheia de água que desabou, causando uma inundação.

Infraestruturas artesanais como essa costumam ser perigosas para quem trabalha nelas porque não têm uma estrutura de concreto que os proteja de deslizamentos de terra como em uma mina industrial, explicou o engenheiro metalúrgico Guillermo Iglesias a uma rádio local.

María Guadalupe Cabriales, irmã de Mario Alberto, outro dos mineiros presos, garante que se ele sobreviver, "não trabalhará mais nos poços". "Que trabalhe em outra coisa que sustente a família", acrescentou.

Em junho de 2021, sete mineiros morreram após o colapso de outra mina de carvão na região de Múzquiz, também em Coahuila, principal produtor desse mineral no México.

O acidente de mineração mais grave nesta região, na fronteira com os Estados Unidos, ocorreu em 19 de fevereiro de 2006, quando uma explosão de gás na mina Pasta de Conchos, controlada pelo conglomerado Grupo México, causou a morte de 65 trabalhadores. Apenas dois corpos foram resgatados.

Diante de uma suposta inércia do Estado, o caso foi levado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, onde o litígio segue até hoje. Em fevereiro, o governo anunciou o início dos trabalhos de resgate dos corpos, mas as famílias manifestaram sua insatisfação com a lentidão do processo.


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