"Claro que vamos permanecer na mesa de diálogo, não há dúvida sobre isso, fizemos um bom progresso", disse Carrizo durante uma coletiva com a imprensa estrangeira credenciada no Panamá.
"Que fique bem claro: temos a firme convicção de ficar à mesa" para "dar uma solução concreta, eficaz e real ao setor mais vulnerável do país", insistiu o vice-presidente.
Desde quinta-feira passada, o governo panamenho dialoga em Penonomé, 150 quilômetros a sudoeste da Cidade do Panamá, com os sindicatos e organizações que protestam no país há três semanas, na pior crise social desde a invasão americana de 1989.
Carrizo reconheceu que o "sistema democrático" panamenho requer "ajustes", mas as soluções "levam tempo" e "a única maneira de superar esta crise é através do diálogo e da participação cidadã".
No entanto, o governo e a Igreja Católica, que atua como mediadora, têm recebido múltiplas críticas de setores empresariais por não permitirem sua participação nas negociações, apesar das questões estruturais que estão sendo discutidas.
O presidente panamenho, Laurentino Cortizo, pediu à Igreja Católica do Panamá que incorpore os empresários nas negociações, depois de se reunir com eles no dia anterior.
No entanto, a Igreja descartou essa possibilidade até que as negociações atuais sejam concluídas.
O pedido dos empresários tensiona as conversas porque os manifestantes ameaçam sair da mesa, pois consideram que o diálogo deve ser apenas entre eles e o governo.
"O que foi proposto pelo governo não é, longe disso, levantar-se" da mesa, mas "decisões não podem ser tomadas se não forem amplamente debatidas com todos os setores da sociedade", disse Carrizo.
Na véspera, o governo, pela primeira vez desde o início da crise, anunciou a abertura total das estradas que permaneciam bloqueadas pelos manifestantes e que causaram escassez de alimentos e combustível.
Até o momento, o governo concordou em reduzir o preço de 72 itens da cesta básica e do combustível de US$ 5,20 por galão (3,78 litros) para US$ 3,25.
No entanto, os sindicatos pedem que o preço da gasolina seja reduzido para US$ 3, reduza o custo dos medicamentos e da eletricidade, melhore a saúde pública e a educação e as medidas contra a corrupção.